Blue Velvet

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Pois, Lcd SoundSystem é que rula...

Actor

Espero pacientemente pelos meus quinze minutos de fama. Penso que também sou filho de deus. No entanto, não os quero de qualquer maneira. Não os quero obter no meio de uma qualquer manifestação de linchamento público. Não os quero obter num qualquer programa de famosos, a não ser que esse grande produto português chamado Soraia Chaves participe, e nesse caso ia tentar a minha sorte (os tarados sujeitam-se a qualquer coisa). Via-me isso sim, como figurante numa qualquer série ou filme. Quase me vêm as lágrimas aos olhos quando penso no génerico a passar, e algures por lá, em letras pequenas: Proxeneta # 3 – Transpose. Quem sabe podia fazer carreira. De Proxeneta # 3 para Enfermeiro Assistente # 2, para Salva Vidas # 5, para Assassinado # 4. O óscar figurativo era o limite.

Clausula Contratual

Como tenho dito, não tenho nenhum problema com os espanhois. Não ligo se os centros de decisão estão em Espanha, se a energia é espanhola, se a roupa que visto é espanhola, estou-me verdadeiramente a cagar, desde que os resultados aparecam. Agora neste casamento que espero seja frutuoso para ambos os lados, imponho uma clausula nupcial. Nada de séries dobradas em espanhol, como aconteceu ontem na Fox com um episódio do House.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Memória

No Domingo, num jantar de amigos, e quando procurávamos ver o resumo do recém acabado Porto – Boavista, paramos no Canal Memória. Realmente é um nome bem português este, Memória, bem ao jeito do nosso Sebastianismo, do nosso gosto pelo passado que quase hipoteca o nosso futuro. Melhor só mesmo se fosse o Canal Saudade, expoente máximo da nossa triste melancolia pelo passado. Mas avancemos ao que aqui me trouxe. Nesse dito canal passava a reposição do Parabéns, esse programa onde Herman José começava a dar largas ao seu egocentrismo, mas onde ainda talvez jorrassem as suas últimas veias criativas nos seus pequenos espaços de humor. Ficamos a ver por momentos a sua rábula cómica, que definitivamente não espelhava essa criatividade de que falei, e eis quando ouço uma piada alusiva à dupla política mais badalada do momento, às suas crises de amor e de ódio, ás suas birras, ás suas escaramuças bipolares cão/gato. Estou a falar como é lógico dos nossos antigos Primeiro Ministro e Presidente da República, respectivamente Aníbal Cavaco Silva e Mário Soares. E de repente aquilo pareceu tão actual. E de repente essa actualidade pareceu-me tão ridícula, tão triste, tão denunciadora da mediocridade dos nossos políticos, e em última instância da nossa sociedade. Em 15 anos a nossa sociedade não foi capaz de gerar políticos, personalidades, Homens, que sentissem o dever de dar a cara pelo nosso país, que se sentissem capazes de o fazer, ou que apenas sentissem que o deviam fazer. Em 15 anos vemos as mesmas caras nos partidos, mudando de pouso consoante o lado de onde o vento sopra, saltitando de cargo em cargo convenientemente. Em 15 anos, dois senhores que deviam repousar na nossa memória, nesse nosso canal pessoal, bem ou mal conforme o julgamento de cada um, voltam à ribalta pela falta de referências, pela falta de gente capaz na política. Mesmo os mais capazes, políticos ou não, afastam-se de um meio desgastado e onde as regras do jogo estão já viciadas.

Serve o que escrevo aqui, não para zurzir nos candidatos à presidência, nomeadamente nos dois referidos, nem para questionar a sua qualidade e boa vontade, mas antes para realçar a não renovação dos partidos e das instituições. Quando as notícias de hoje se confundem com as de há 15 anos atrás, algo não vai muito bem nesta república solarenga e aparentemente pacata.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Promessas, Promessas e ainda não vi nada

When you're down on your luck
Aand you just can't cope
When the times are bleak
And the friends are few
Don't turn to me
'Cause I'm no hope
Don't turn to me '
Cause I don't know what to do

Maybe you should have a drink
I don't know why you ever stopped anyway

Oh, it's rough
Baby, to live
Oh, it's hard
Baby, to survive
Everyday lately
My mind feels like glass
Ready to be smashed
Ready to be smashed

Oh well, my best friend
Took a bullet through his eye
First he had a patch
Now he's got a glass eye
One hard, glass eye
He says sometimes he wishes
Both his eyes were glass

Well, it's rough
Baby, to live
And it's hard
Baby, to survive
Everyday lately
My mind feels like glass
Ready to be smashed
I'm ready to be smashed

At times I lock myself up
In my room
Don't come over
While I listen to a record
I stare at the cover
Don't come over
Don't come over
'Cause I'm no hope to you
I'm no hope to you
Smog - "It's rough"

Link

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Correção

Só porque as vistas desde tenra idade foram largas, desprezou-se quem achamos que merecia um atestado de incompetência, protestou-se contra quem nos tentava prejudicar, mostrou-se o cú a quem merecia o fuzilamento. Agarramo-nos à esperança e à paz. Por isso chamaram-nos de geração rasca. No entanto depois de tudo que passamos, estamos a passar e haveremos de passar, a história encarregar-se-á de corrigir a erro. Mais tarde ou mais cedo o nome mudará e aí seremos chamados de Geração Sodomizada.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Mulher Bonita


Zoe Saldana

Ser do Porto

Ontem, num acordar de Domingo sempre difícil, ouvi de esguelha um programa qualquer que tentava chamar a atenção de uma sala desatenta, e acabei por ouvir uma frase que registei. Falava-se do Carlos do Carmo e do seu concerto na Casa da Música acompanhado a preceito por uma orquestra. A começar pela percepção musical, posso dizer que o fado acompanhado pela erudição das cordas nobres de uma orquestra soa bem e recomenda-se, e vem esta opinião de quem não é um grande fã de fado. Mas falava o Carlos do Carmo sobre a experiência de vir tocar ao Porto e à Casa da Música, e da expectativa que o concerto lhe causava, quando solta para o ar algo que um amigo lhe dissera:


“No Porto é assim: ou gostam ou não gostam. Se não gostam, escusas de cá voltar. Se gostam cuida-te, porque exigem!”


Acho que está aqui uma boa maneira de descrever a frontalidade das pessoas do Porto, aquela que muitos que a desconhecem ou não a compreendem gostam de, com muita facilidade, classificar de rudeza e má criação. Lembro-me de um amigo meu dos Açores, que adoptou o Porto como sua casa há já alguns anos, e que não se cansa de elogiar a nossa personalidade e a nossa forma de ser. E apesar de, ou talvez devido a, estar em Coimbra há uns tempos, e de deambular por outras paragens frequentemente, cada vez mais se sente com orgulho como um Portuense adoptado. Tal como eu, quanto mais viajo, emigro, vivo, sinto, quanto mais vejo, mais me orgulho da nossa cidade sincera e genuína e da nossa gente, que tão depressa é capaz de nos reprovar com um palavrão e uma chapada, como também é capaz de nos abraçar com o calor de um amigo e de não mais nos largar.

Dúvida com barbas

Já na altura que a canção saiu fiquei com a dúvida, mas na altura não tinha um espaço onde a pudesse pôr. Quanto o Gonzo canta "Dei-te quase tudo, mas quase tudo foi demais..." o meu sobrolho diz presente. Qual terá sido a diferença entre o tudo e o quase tudo? Milimetros, centímetros? Uma pessoa que não dà os 110% em campo, não merece o prémio no final do jogo. A única coisa decente a fazer é pegar na viola e deixá-la no saco. É feio o descomprometimento com a causa.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Queria 4 rolos de papel higiénico

Penso que grande parte das pessoas se pudesse, gostava de evitar andar constantemente por super ou hipermercados. Mas tal é impossivel. Penso que se olharmos para uma despensa portuguesa é normal haver algumas garrafas de azeite, óleo, arroz, açucar, massas, a mais. Se por vezes os hiper fazem promoções que compensam uma maior compra, e posterior armazenamento, tendo estes produtos prazos de validade longos, é desnecessário andar sempre a gastar gasóleo e a paciência para encarar longas filas de espera no caixa para pagar. O mesmo já não se passa com iogurtes, leite, ovos e produtos parecidos.
Agora a minha pergunta é a seguinte? O prazo de validade do haxixe é o mesmo que o dos iogurtes? 10 dias? Estive a ler esta notícia de um grande traficante de droga na zona de Viseu, vocalista de uma banda conhecida da nossa praça(?), que foi preso porque tinha em sua posse 7,60 gramas de haxixe (+/- 8 Euros). Parece que o máximo permitido por lei é uma quantidade de 5 gr. para 10 dias. Agora esse demo vai ter que provar que é apenas consumidor, não é traficante, e necessita desta quantidade para 10 dias. O que tenho a dizer... Bem... São tantas ideias que me vêm à cabeça que sinceramente não sei por onde começar, mas penso que vou começar pela mais básica de todas. Também existe limite de compra para a compra de vinho, whisky, alcool etílico e demais derivados? Não existe nem nunca existirá, mas sinceramente o que leva a que as pessoas fiquem mais violentas, mais descontroladas e a que exista uma maior violência familiar? Com certeza que é o haxixe... A lei é feita para ser cumprida. Se o máximo permitido são cinco gramas, e se o traficante tinha mais 50% do que o permitido, cadeia com ele. Afastem-no da nossa juventude. Dêem-lhes modelos para eles seguirem. Sr. PR dê indultos a homicidas que matam aos cinco de cada vez, a grandes traficantes de droga que só cumprem a prisão preventiva e dêem a prisão a este traficante de 17 anos. Srs. Agentes mostrem permissividades para violências e peixeiradas em aeroportos e demais ajuntamentos mas nunca perdoem mais 2,5 gr., desculpem, 2,6 gr. de haxixe. A continuar assim dava mais uma semana para este candidato a vedeta se transformar num junkye de todo o tamanho. Já posso dormir descansado. A justiça não é cega e esta a fazer uma perseguição feroz ao grandes traficantes deste país. A nossa juventude está a salvo.
Tinha piada ser descoberta uma substância alucinogénia no papel higiénico e passar a ser permitida apenas a venda de três rolos de papel por 10 dias. Se um consumidor fosse apanhado com mais tinha que ir ao tribunal provar que estava com diarreia ou então que tinha deixado cair um deles dentro da sanita. E ainda dizem que a nossa polícia e a nossa justiça não funciona.

Ando a ter visões

Não sei se os meus olhos andam a pedir uma visita ao oftalmologista ou então há muito pai natal que não passou o ano novo com a mulher e respectivos duendes. Fazendo percursos como esmoriz - antas ou esmoriz - aveiro tenho visto muito pai natal à janela com as prendas ainda às costas. Sempre que tenho esta triste visão, ou não, uma confusão de sentimentos percorre-me o esófago. Fico triste porque há muita família que não recebeu as prendas de natal e ainda por cima andam tão à nora com a crise que não têm noção que um barbudo está à janela a tentar entrar. No entanto não consigo evitar uma ponta felicidade devido ao cabrão do pai natal. É só comer, é só comer que quando chega altura de trabalhar não consegue fazer o serviço bem feito. Já não chega o sacrifício que uma família passa em poupar para comprar meia duzia de prendas para quem merece e este balofo ainda quer que alguém se levante a meio da noite para lhe abrir a janela. Trabalha mais e come menos óh pai natal. Já agora, lavar o cúzinho com água de rosas era bom não era?

As finanças públicas estão de rastos, há que aumentar o tabaco

Loiras

Já não me lembrava de ler uma anedota tão engraçada à muito, muito tempo. No A destreza das dúvidas.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Já se passaram cinco dias...

E gostaria de vos desejar tudo de bom neste novo ano. No diseases, muita força na verga e grande capacidade orgásmica no que diz respeito à saúde. Quanto a amores espero que encontrem a(o) tal ou as tais dependo se pertencem à classe da princesa encantada ou dos pinga-amores, e seja qual for o caso nunca pensem muito, coloquem a cabeça no cêpo à mercê do julgamento e esperem pela sentença. A nível profissional... não vale a pena falar de tristezas... mas que sejam promovidos e todos os dias não se envergonhem daquilo que fizeram. Que uma agência de viagens nos queira patrocinar pelos serviços prestados à nação (ainda estarmos por cá) e que apareça sempre aquele novo som, aquele novo parágrafo ou aquele novo frame que nos alimenta e conforta a alma. E claro, que os miúdos deixem o alcool, as drogas leves e passem a ter vidas saudáveis, é que para se arranjar uma ervinha para um momento especial está cada vez mais difícil.

Centros decisão

Devo dizer que estou-me bem a cagar sobre a importância de ter centros de decisão nacionais. O único centro de decisão nacional a que dou crédito é à minha cabeça e mesmo assim por vezes já a pensei vender a um espanhol que, se calhar, lhe daria melhor uso. Os centros de decisão têm estado cá desde que me lembro. O que tem acontecido? Cada vez estamos pior, e se as correções das decisões fossem pagas ao quilo, aì a uns 3 euros, penso que nem para um café dava, quanto mais para o jornal e o cigarro da ordem. O ideal era manter os nossos centros de decisão por cá e vender os nossos decisores, ou então trocá-los como os cromos. Era porreiro existir como no desporto, o mercado de tranferências. Decisor sueco foi trocado por 10 decisores portugueses mais uma caixa de Barca Velha, ou então, Alan Greenspan trocado por Vitor Constâncio mais Soraia Chaves (o Bush é burro mas é danado para a brincadeira). Claro que era uma peninha perder a Soraia mas o que se haveria de fazer? O interesse nacional acima de tudo. Claro que eles não são burros, merda basta ir à casa de banho ou aos esgotos. Veja-se o caso de uma Iberdrola. A sua representação nacional é gerida por um português que foi escolhido com base na análise de mais 100 CV’s vindo de todos os cantos do planeta e de minuciosas entrevistas feitas antes da decisão final. Por acaso foi este mesmo português que os ajudou a entrar na EDP quando era ministro, e é este mesmo mesmo português que continua com um lugarzinho no parlamento devido ao pouco trabalho e fraca renumeração ganha como gestor. Ouvi por confidente (que eventualmente perante bom negócio posso revelar o nome), que esse dinheiro quase nem dá para pagar o vicio que os filhos têm em Corn Flakes mensalmente, quanto mais para pagar todas as outras despesas. Embora a Iberdrola seja muito maior que a EDP e facture mais de o dobro, tem o mesmo número de empregados, como é que isto é possivel? Só mesmo os espanhois para fazerem magias destas. O que acontece é que a empresa fazendo parte da administração fica a par de toda a estratégia da companhia portuguesa para o mercado ibérico, na qual ela é sua concorrente. Bonito, não? Os burros dos decisores espanhois só porque não gostam deste tipo de novelas decidiram à muitos anos, que uma empresa por muito dinheiro que tenha, só pode ter no máximo, 3% de um seu concorrente. Concerteza não pensaram na economia e no entretenimento dos seus concidadãos. Nos periodicos que deixaram de vender, nos shares de audiência que não atingiram nos telejornais, na conversa do meio da manhã a acompanhar o café. Pelo menos para já os aumentos da energia só podem aumentar ao nível da inflação ao contrário dos da indústria que aumentaram à volta de 15% (penso eu), mas parece que mesmo isso vai mudar. Entendo que não é com preços desta alarvidade que se chamam empresas e se dinamiza a economia, mas atenção: Segurança Social, Impostos sobre petróleo e seus derivados, Tabaco J, Pão, Taxa de juro, Iva... Já não acham que o zé povinho está a pagar um preço justo? E querem manter os centros de decisão por cá....... é preciso não ter vergonha nenhuma na cara.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

A PTguesa

Será só a mim que me irrita profundamente? É que chega a meter-me nojo. Estou a falar do novo spot publicitário da PT, em que a uma data de imagens e frases gloriosas em relação à empresa são acompanhadas por uma banda sonora que nos é familiar, parece-se com algo, e por fim percebemos que é mesmo “A Portuguesa”, o nosso hino, numa versão a órgão de tubos ou lá o que raio de instrumento eles usam.

Em primeiro lugar, eu até nem sou um acérrimo defensor dos símbolos da pátria. Não dou um valor desmedido a essas coisas, apenas os respeito e penso que têm o seu lugar na nossa vida, um lugar ocasional e definido, presente mas discreto. Mas pergunto-me eu: não é ilegal utilizar o nosso hino em vão? Ainda para mais para motivos comerciais! E depois, é preciso lata da PT. Esta empresa que nos chupa até aos ossos com taxas, assinaturas, tarifas, passa a vida a ludibriar o consumidor, não permite a total e real liberalização dos mercados em que participa e dos quais detém o monopólio tal como lhe é exigido, e ainda nos vem com o hino como pano de fundo como que a gozar connosco. O que será que quer dizer com aquele spot de inspiração nacionalista? Será que já confundem a nossa pátria com a empresa? Será que querem dizer “nós somos a empresa mais importante de Portugal porque a nossa administração é constituída quase só por ex-ministros”, ou talvez “nós representamos Portugal porque todas as comunicações passam por nós. Até as comunicações dos nossos concorrentes passam por nós. As que nós deixamos…”. O anúncio é repugnante, quase tanto como a empresa que representa. Deve haver poucas empresas tão asquerosas como a PT.

O outro dia falava com um amigo que tentou instalar um serviço ADSL de um concorrente da PT, a Clix, que apresenta um preço mais baixo e com limites de tráfego mais razoáveis. Sem dúvida aliciante para o consumidor. Ele liga para activar o serviço e pergunta quanto tempo demorará a ter o serviço pronto a usar. Do outro lado respondem-lhe 6 a 8 semanas. Ele não se quer acreditar. É de facto muito tempo, principalmente se tivermos em conta que o da PT demora no máximo 5 dias. E então explicam-lhe que esse é o tempo que a PT demora a activar-lhes o serviço para os clientes Clix. Ou seja, para a PT demora 5 dias, mas para os concorrentes a PT atrasa o tempo de espera para ganhar vantagem competitiva. Que raio de liberalização é esta? O que andam a fazer as entidades responsáveis? Como é possível que isto se passe aqui num país da União Europeia com a conivência das entidades competentes e, em última instância, do governo? E este não é um caso isolado, mas apenas o último que ouvi. Disse-lhe também a senhora que esta situação estava em Tribunal Europeu. Mas é preciso algum Tribunal Europeu para ver que isto está errado e que devia ser punido severamente? É até uma vergonha para o nosso país que isto tenha que ir a Tribunal Europeu. É uma situação irregular tão óbvia! A PT lá vai pondo na administração ex-ministros ou potenciais futuros ministros pertencentes ás elites partidárias, e agora até do hino se apropriou. O que virá a seguir?

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Na Mesma...

Choque após choque vou-me readaptando à vida por Portugal. Nem sempre é fácil. Há coisas que não mudam por aqui e que me irritam solenemente. Também há as boas. As que nos dão prazer que não mudem. Mas não me apetece falar dessas.

Hoje fui aos correios levantar uma encomenda e pude voltar ao emocionante contacto com a função pública em toda a sua ineficiência e redundância. Quando lá cheguei estava o senhor chefe da secção a receber uma batelada de encomendas, e outra senhora que se prontificou a vir ajudar os restantes: uma senhora e eu. Até aqui tudo bem. Tive que sair para levantar dinheiro, porque os correios não aceitam cartão, e quando voltei estava apenas uma senhora à minha frente. O senhor, imperturbável, processava as cerca de 20 encomendas. O processo incluía pesá-las, emitir os recibos, carimbar os duplicados, pôr cada um em cada montinho, e colar o original no pacote. Nem uma justificação a cada pessoa que entrava, um simples “peço desculpa mas terão que aguardar um bocado”, nada. A mulher que me tinha atendido antes viu-me, e perguntou-me se vinha buscar a encomenda, e à resposta afirmativa foi buscar o pacote, colocou-o perto do senhor das encomendas e disse-me que teria que esperar um bocadinho. A mulher, que me atendera antes, saiu do balcão e foi lá para trás fazer sabe-se lá o quê. Eu esperei, paciente, mas ao olhar para as encomendas pensava se o homem as iria processar todas antes de começar a atender as pessoas, e um nervoso miudinho começava a crescer em mim. Eu começava a bufar ao passar dos minutos. E mais um pacote. O nervoso miudinho crescia e era já um adolescente rebelde pronto a explodir, mas pensei que talvez fosse melhor deixá-lo atingir a moderação da maior idade, e controlei-me. Lá atrás diversos funcionários passeavam-se indiferentes à nossa espera. Não me contive, tive que falar. Olhei para trás para as pessoas que começavam a acumular-se sem que sequer uma justificação lhes fosse dada para a estúpida espera, e com um autêntico esforço para ser educado perguntei ao senhor: “Desculpe, mas não há aqui mais ninguém que nos possa atender?”. “Há, mas como o senhor tem que pagar para a levantar tenho que ser eu a tratar do assunto. É que aqui só eu mexo com o dinheiro”, disse o homem muito profissional. Mas e as outras pessoas atrás de mim? - pensei eu. E como que encorajados, outros clientes começaram a falar. “Mas olhe que eu é só para levantar. Não tenho que pagar nada! Não pode ser com aquela menina?” – disse apontando para a mulher que descaradamente estava sentada num posto de atendimento a fazer sei lá o quê. O homem respondeu “Pode! Se ela estiver disponível pode!”. Mas a mulher disse “Agora não que estou aqui a fazer um serviço”. E veio a boca mais de trás “Podiam então pôr aqui uns sofás e umas revistas para a gente se entreter”. A mulher nem pestanejou e continuou na sua nobre tarefa postal. O homem lá acabou a porcaria das encomendas e atendeu-me, e uns minutos antes apareceu outro homem de lá de trás que começou a despachar o serviço. A minha encomenda demorou 3 minutos a levantar.

Eu não tenho nada contra funcionários públicos, mas já tenho algumas coisas contra gente estúpida, mal-educada, ineficiente e arrogante. Aquela postura do género “não se metem connosco que nós é que mexemos com os papéis” é extremamente irritante. A falta de organização e o mau funcionamento destes estabelecimentos é desesperante. Tudo bem que o dinheiro seja tratado por um funcionário específico, mas devia haver um que o pudesse substituir na função. O atendimento ao cliente devia ser a prioridade, sempre! Se a mulher está a fazer alguma coisa devia pará-lo para atender os clientes que se amontoam à espera. Deve haver pelo menos um funcionário que esteja sempre disponível para o atendimento. Claro que a funcionar assim os funcionários arriscam-se a ouvir o que não querem. Estes serviços ineficientes nunca poderiam existir se houvesse uma gestão correcta dos serviços, onde os funcionários tivessem que prestar contas perante resultados. É injusto falar da função pública como por vezes se tem feito, apontando-a como o maior mal da nossa economia. Mas é bem verdade que todos estes serviços funcionam sob modelos gastos e ineficientes, e que os trabalhadores não mostram qualquer senso de produtividade e profissionalismo, encostando-se à estabilidade da sua situação profissional. É também interessante ver como as pessoas têm medo de reclamar. É científico: uma percentagem muito pequena de cidadãos reclama perante um problema na qualidade do serviço ou do produto. Quando lancei a discussão, as pessoas atrás de mim começaram também a dar largas ao seu descontentamento. O cliente tem direito a um serviço com qualidade e eficiente, e tem direito a reclamar se isso não acontecer. Se nós não exigirmos a qualidade, ela mais dificilmente nos será dada.

Enfim, desculpem este texto aborrecido, mas estas coisas irritam-me, e em parte é por este ciclo vicioso e constante de acontecimentos que as coisas estão como estão em Portugal. Falta de qualidade, falta de exigência, falta de avaliação, falta de bom senso, falta de educação, falta de respeito pelo próximo, falta …

Olá 2006, Aqui Vamos Nós !

Bem, meus caros amigos! Mais um ano que passou. 2005! Tanta coisa se passou neste ano, no mundo e na minha vida. Tantas aventuras, acontecimentos trágicos, momentos únicos, felizes. Enfim, a vida a correr na sua habitual forma aleatória e encadeada. Este foi, com muita pena minha, um ano em que a minha contribuição para o Blue Velvet foi bastante reduzida. Deveu-se isso a um facto incontornável da minha vida em 2005: a minha aventura além fronteiras de quase um ano. Tentei não deixar morrer o meu espaço neste blog, mas com uma regularidade confrangedora devo reconhecer. Mas estou de volta, e assim, neste próximo ano prometo aparecer aqui com mais frequência, dar as minhas alfinetadas, partilhar os meus pensamentos mais obscuros e absurdos, como cheguei a habituar estas páginas. Não vou fazer um balanço do ano em Portugal e no mundo, pois isso as mais variadas publicações de todos os géneros se encarregam de fazer. Não vou formular desejos para o futuro, pois gosto de aceitar o que a vida me dá, e se não gostar do que ela me deu, gosto de lutar por algo melhor, de fazer pela vida, alterar o curso do acontecimentos, e como tal não aceito o determinismo e o fatalismo. Por isso, futurologias vou deixar para os horóscopos. Vou apenas desejar-vos um bom 2006 como quem deseja uma boa noite no fim de um dia de trabalho, com simplicidade e sinceridade. Lembrem-se apenas que um bom 2006 depende muito de vocês, de todos, de cada um para si e para todos.