Escalpelização da posta
“Gostava de arranjar uma música, cantada em francês, que passa no canal Panda. Já tinha bebido umas cervejolas valentes, mas mesmo agora trauteando ao de leve este devaneio pop, a canção é uma moca.”
Olhando com atenção para esta frase nota-se que o autor, gostava de arranjar uma canção que para ele é um mistério. Não sabe o nome da canção. Não sabe o nome da cantante. Apenas sabe que passa num canal de desenhos animados, cujo nome é Panda. Poderia ser Elefante, Girafa, Formiga, mas não, é Panda. Nota-se que não existe dúvida filosófica acerca do nome do canal. Da canção sim. Do nome do canal não. Por outro lado o autor tenta evidenciar uma faceta rebelde ao mencionar, como quem não quer a coisa, mas como efectivamente consumou o acto “Já tinha bebido umas cervejolas valentes”. Pode ter sido verdade, pode não ter sido. Se calhar tinha acabado de comer leitão e beber champanhe. Se calhar até pode ter bebido meia dúzia de copos de coca-cola misturados perigosamente com outra meia dúzia de copos com água, mas não. O autor sabe que ao fazer esta menção honrosa à quantidade de alcool bebido, ou no caso de terem sido drogas, mata vários coelhos com uma só cajadada. Começa por se desculpar perante os seus vários milhões de leitores. Caso alguns conheçam a cançioneta e não gostem, dão o devido desconto ao autor com base no seu estado alcoolico. Além disso tenta apelar às leitoras femininas maiores de 18 anos com uma preferência por rebeldes, amorosos, que gostam de música francesa, sem vergonha de o dizer e com capacidade estomacal para aguentar umas loiras.
Como se não bastasse isso, este fuinha tenta uma junção à “grande maralha alternativa com um ou outro devaneio pop mensal”, que é uma sociedade ultra-secreta que está para a música como a opus dei está para a igreja. É a derradeira tentativa de credibilização da posta, porque após a última “,” vem a tentativa de influência mesquinha ao utilizar a palavra muito em voga desde os fins do século XX, inicios do XXI, entre a comunidade jovem, que é “moca”.
Mas tirando estas cenas todas, a música é mesmo altamente
Ps: Claro que não foi mencionado a gritante dificuldade do autor em encadear frases que fluam com facilidade, como se pode notar: "trauteando ao de leve este devaneio pop, a canção é uma moca", mas apenas porque não se queria mencionar aspectos obvios, com medo de ferir a susceptibilidade e inteligência do leitor.
Olhando com atenção para esta frase nota-se que o autor, gostava de arranjar uma canção que para ele é um mistério. Não sabe o nome da canção. Não sabe o nome da cantante. Apenas sabe que passa num canal de desenhos animados, cujo nome é Panda. Poderia ser Elefante, Girafa, Formiga, mas não, é Panda. Nota-se que não existe dúvida filosófica acerca do nome do canal. Da canção sim. Do nome do canal não. Por outro lado o autor tenta evidenciar uma faceta rebelde ao mencionar, como quem não quer a coisa, mas como efectivamente consumou o acto “Já tinha bebido umas cervejolas valentes”. Pode ter sido verdade, pode não ter sido. Se calhar tinha acabado de comer leitão e beber champanhe. Se calhar até pode ter bebido meia dúzia de copos de coca-cola misturados perigosamente com outra meia dúzia de copos com água, mas não. O autor sabe que ao fazer esta menção honrosa à quantidade de alcool bebido, ou no caso de terem sido drogas, mata vários coelhos com uma só cajadada. Começa por se desculpar perante os seus vários milhões de leitores. Caso alguns conheçam a cançioneta e não gostem, dão o devido desconto ao autor com base no seu estado alcoolico. Além disso tenta apelar às leitoras femininas maiores de 18 anos com uma preferência por rebeldes, amorosos, que gostam de música francesa, sem vergonha de o dizer e com capacidade estomacal para aguentar umas loiras.
Como se não bastasse isso, este fuinha tenta uma junção à “grande maralha alternativa com um ou outro devaneio pop mensal”, que é uma sociedade ultra-secreta que está para a música como a opus dei está para a igreja. É a derradeira tentativa de credibilização da posta, porque após a última “,” vem a tentativa de influência mesquinha ao utilizar a palavra muito em voga desde os fins do século XX, inicios do XXI, entre a comunidade jovem, que é “moca”.
Mas tirando estas cenas todas, a música é mesmo altamente
Ps: Claro que não foi mencionado a gritante dificuldade do autor em encadear frases que fluam com facilidade, como se pode notar: "trauteando ao de leve este devaneio pop, a canção é uma moca", mas apenas porque não se queria mencionar aspectos obvios, com medo de ferir a susceptibilidade e inteligência do leitor.