Analogia
Após ter dado a ouvir, no último ano, a um amigo melómano, Juana Molina, Cat Power, Jolie Holland, Emmiliana Torrini, Joanna Newsom, Feist e Julie Delpy (a mais fraquinha de todas, no entanto gosto bastante desta devido ao filme), ele denotou em mim um certo gosto musical. Mulheres que fazem chorar as pedras da calçada. Fui obrigado, até porque sou um gajo crismado, a confirmar. O meu coração, tanto na vida como na música, tem uma atração especial pelas frágeis e paranóicas. Especialmente pelas frágeis e paranóicas. Se a esta fragilidade e paranoia se juntar, num assador, 50 dl. de carinha laroca, 20 dl. de mãos delicadas, e no fim levar tudo ao forno, a uma temperatura à volta dos 200ºC o resultado é inevitável. Sofrimento, vertigem e no fim o desastre. Gostar de frágeis e paranóicas tem estas vicissitudes, mas o mistério por trás destes seres continua a ser uma das minha obsessões. Por isso as ouço com tanta devoção. Não temos as chatices e as complicações da vida real. We get along. Entranto, o amigo, trouxe-me todos os cd's da Lisa Germano. Disse-me que esta não fica atrás das outras em termos de fazer chorar as pedrinhas. Espero que sim. Convém arranjar-se uma amante nova todos os três meses e a última já foi ai à uns cinco.