Blue Velvet

segunda-feira, junho 06, 2005

Nobel

Todos os anos aquando da atribuição do nobel de literatura os criticos portugueses fazem louvores a Lobo Antunes e a Sophia de Mello Breyner Andresen. Considero-os bons escritores, cada qual no seu métier, mas lanço aqui a questão para debate na blogosfera. E o que dizer desse Monstro da escrita em Portugal chamado João Catatau? Não será ele um escritor partilhado no imaginário de todos os adolescentes e ex-adolescentes pós 25 de Abril de 1974? Quanto portugueses não riem de felicidade assim que põem as mãos em cima de um dos seus livros? A sua qualidade literária só não é a mesma que a dos outros dois acima citados, simplesmente porque ele é um gajo envergonhado e quer uma maior interacção por parte dos seus leitores com os livros por si escritos. Quantos milhões não estarão a ler com grande fervor e entusiasmo o 30, depois de terem devorado completamente o 20? O fervor eos zum-zuns à volta deste escritor é tanto que algumas livrarias já aceitam reservas para o terceiro livro desta triologia, que vai sair para o próximo ano com o pomposo nome (pelo menos, para já) de 50. E o que dizer dessa bíblia da literatura que é o Guia Práctico do Bom Condutor, livro que recebeu enormes elogios por parte da critica nacional e em especial internacional. Nunca mais me esqueço do Manomi, amigo japonês que muito estimo, desfolhar o livro e as lágrima cairem-lhe cinco a cinco. Olhou-me, quase me fulminado com o olhar, e disse-me: "Quantas mortes teriam sido evitadas no Japão se este livro tivesse sido traduzido?". É que se ele o diz, quem sou eu para o contradizer? Não pode ser esqueçido também este pormenor, a salvaguarda da vida humana, cruzada percorrida por esse grande escritor, coisa que não se pode dizer dos outros. Quantos de nós já não se mataram devido à total ineficácia de compreender o que quer que seja num livro de Lobo Antunes. O que dizer então de Sophia:

Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação

Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão

Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça

Claro que no fim alguns com tanta ameaça lá davam o tirozinho na cabeça para fugir ao tempo e serem eternos, coisa que nunca se passou, nem passará com o GRANDE João Catatau.