Saraband
Sabem que Saraband, o ultimo filme de Ingmar Bergman, vem com o Público de hoje? Se não sabem ficam a saber e pode ser que com alguma sorte ainda encontrem algum DVD no quiosque onde costumam comprar os jornais. É que, devido ao facto de existirem bastantes cinemas digitais espalhados pelo país, eu não fui ver para não me misturar com o povo. Isto de toda a gente ir a um evento cultural, ouvir o mesmo grupo ou ir ver um determinado filme faz com que ele desça logo um ponto na minha escala de valores (0 a 5). Como só me desloco a algum lugar, tirando local de trabalho, quando a sua classificação são cinco estrelas na minha escala, decidi não ir, mesmo me remoendo todo por dentro. Acima de tudo sou um gajo de principios e neste caso, ou bem que tenho bom gosto ou bem que não o tenho. Como sabem um gajo com bom gosto, culto e literado só aprecia fenómenos de culto, isto é, obras que apenas meia dúzia de iluminados tenha ouvido falar, e que tenham o crivo de um jornalista de qualidade do Público, daqueles que dá um 9 (4 depois de arredondado na minha escala) de ano a ano. Como por esse país fora os cinemas estiveram sempre lotados para ver o filme, a minha consciência e amor à literacia não me permitiram ver. Até Esmoriz, com o seu cinema digital de 300 lugares teve sempre a casa cheia durante as duas semanas de exibição, coisa que nem os Incriveis (filme que também não vi) logrou almejar. Por isso, resolvi ficar em casa a ver uma velha cassete de video que tenho com três programas do Vasco Granja. Aquilo sim, eram desenho animados de grande qualidade, embora por vezes aparecessem certos autores, escolhidos por esse segundo avô Cantigas português, um bocado naif e demasiado básicos. Escreviam histórias que até um menor de dois anos compreendia, o que me deixava bastante irritado. Mas desculpava-o e dava-lhe o benifício da dúvida, se até eu tinha a ligeira tentação de ver o Sport-Billy, as Cidades do Ouro e a formiga Freddy.