QOTSA & NIN @ SD - CA
No último dia 16 mais um acontecimento cultural em San Diego. Um concerto. Não um concerto qualquer. Um grande concerto! Duas bandas vibrantes, geniais, embora de maneiras completamente diferentes. Primeira banda a tocar: Queens of The Stone Age. E para fechar, os cabeças de cartaz: Nine Inch Nails. Até há pouco tempo, ver os Nine Inch Nails ao vivo era algo que ousava apenas sonhar. Nunca foram a Portugal, e nem os vejo a fazer grandes digressões pela Europa. Andaram também mais adormecidos como banda nos últimos anos, com o Trent Reznor a enveredar por outros caminhos, como a composição de bandas sonoras e colaborações com outros artistas. Este ano os NIN lançaram um álbum finalmente. E que álbum! Está ao nível do melhor dos NIN. Já os vi em Abril, no deserto de Coachella, mas foi num festival com milhares de pessoas, e a envolvência que é preciso para um concerto dos NIN não foi alcançada, para além de eu estar bem longe do palco. Foi no entanto um grande concerto. Agora o ambiente mais íntimo de um recinto fechado, o Cox Arena, onde as ondas de choque das explosões sonoras dos NIN não podem escapar, tal como os pequenos pormenores harmónicos, quase subliminares, não se perdem na imensidão espacial de um espaço aberto. Prometia. E para abrir o apetite, os Queens of The Stone Age, essa grande banda de rock, agressiva e crua, mas criativa e empolgante, uma das melhores bandas de rock dos últimos anos.
Os QOTSA deram um excelente concerto. No entanto, a tribo urbana que se deslocou ao Cox Arena era maioritariamente seguidora dos NIN, e a adesão ao concerto não foi a melhor. O vocalista e baixista dos QOTSA ainda se pegou com um ou outro elemento do público que o insultou, dirigindo-lhes umas palavras contundentes e irónicas. Noutras ocasiões sublinhou que era alcoólico, e lamentou-se que não houvesse acesso a álcool no recinto. É verdade… Não se vendia cerveja no concerto. Devia ser um concerto de risco para a mente retrógrada desta gente, só porque se ia juntar no mesmo sítio tanta gente diferente do padrão. E realmente o ambiente era bem diferente do que alguma vez tinha visto em San Diego, e quase que arrisco a dizer nos EUA. Uma espécie de neo góticos e cyber punks que nunca me tinham aparecido à frente nesta cidade. Devem viver num gueto, orstracizados desta sociedade tão hipocritamente tolerante. Mas gostei bastante dos QOTSA, apesar da pobreza do palco e das luzes. E a seguir os NIN. Fabulosa a entrada. Som envolvente, uma tela translúcida separava os NIN do público, e dentro dela luzes e fumo davam corpo ao ambiente. Seguiu-se uma música do novo albúm, e depois um deambular pelas grandes músicas de NIN. Terrible Lies poderosa, Closer provocante, March of the Pigs frenética, e por aí fora em obras primas de música moderna acompanhadas de uma excelente luz e composição cénica. Mas, com o concerto ao rubro, a tela translúcida volta a fechar-se e prepara-se a entrada de uma nova música. Aos poucos os instrumentos começam a parar, assim como as luzes perdem vida. Se estivesse no teatro adivinhava o intervalo. É então que se ouve um voz off a dizer que tinham uma pequena emergência médica no palco e que esperavam voltar em pouco minutos depois de esta estar resolvida. Bem, a última música tinha sido frenética, com os elementos da banda a correrem de um lado para o outro, aos saltos com os instrumentos! Alguém se pode ter magoado… O tempo passa, a adrenalina do concerto vai-se perdendo. Estava a ser tão bom! Tão vibrante! Tão NIN! Aparece então o Trent Reznor a dizer que o Jerome, que mais tarde vim a saber ser o baterista, tinha sentido dores no peito e palpitações no coração e ficou asustado, estando a ser assistido e examinado pelos paramédicos presentes no recinto. Estavam todos muito “freaked out” com a situação, e esperavam voltar ao palco brevemente porque ele estava melhor. Mais uns 15 ou 20 minutos e veio a confirmação: concerto adiado! O moço teve que ir ao hospital fazer exames mais detalhados, e não há concerto para ninguém. A boa notícia é que vou vê-los outra vez com o mesmo bilhete a 20 de Novembro. O azarado nisto tudo foi o Chico, que como eu é um fã dos NIN e teve sorte de eles cá tocarem na altura em que ele me veio visitar, e acabou por só ver meio concerto. De qualquer forma… que bom meio concerto! Valia a pena nem que fosse só por aquilo. Fico então à espera de 20 de Novembro.