O Cavalo de Tróia
O marketing é um mundo fascinante, onde a escolha de uma imagem para um produto é pensada e ponderada de maneira a que se adapte ao seu público alvo, ao seu uso. A imagem é cada vez mais grande parte do sucesso do produto, o que pode abarcar o nome, a forma, a cor, o símbolo, e por aí fora. E assim sendo fico espantado como algumas marcas conseguem escolher nomes que comprometem a imagem do produto à partida.
Aqui nos EUA existem uns preservativos cujo nome é Trojan. Qual a imagem que vos vem logo à cabeça na presença deste nome? Exacto, não procurem mais, é mesmo a Tróia antiga, dos bravos troianos que estoicamente se opuseram aos Gregos e a todos quantos os quiseram conquistar. A embalagem reluz mesmo uma silhueta de um desses guerreiros, confirmando a relação infeliz. E infeliz porquê? O que vos lembra Tróia? Os troianos eram bravos combatentes, mas Tróia acabou por cair segundo reza a lenda e a história. E caiu graças a uma artimanha bem conseguida que ficou famosa até hoje: o Cavalo de Tróia! Como sabem, os gregos fingiram-se rendidos à eficácia da defesa de Tróia, e como reconhecimento ofereceram um cavalo esculpido em madeira aos Troianos. Um cavalo infestado de gregos que esperavam a calmia da noite para penetrarem na cidade à vontade e desvirginá-la à força da espada. Pela calada, de noite, o grupo de Gregos escapou-se do cavalo, abriu sorrateiramente os portões da cidade, e todo o exército Grego pode finalmente entrar por Tróia dentro, violando a sua defesa estanque. Desculpem a curta aula de história, mas raios!... Será esta uma imagem que se quer associar a um preservativo? Compará-lo a um Cavalo de Tróia! Eu pelo menos quando uso um preservativo não quero que os meus gregos se escapem pela calada, abandonando o Cavalo de Tróia impunemente, correndo pela fértil Tróia sem restrições, até assaltarem o palácio principal e ser a morte do artista. Cavalo de Tróia, símbolo da traição, da vitória sobre os intransponíveis troianos, uma imagem um pouco falível quando falamos de preservativos, onde queremos resistência, durabilidade, fiabilidade. E para mostrar o que digo dou o exemplo da Durex. Não é este um nome muito mais feliz para associar a um preservativo? Tudo bem… Talvez um pouco directo de mais e com nome de empresa de plásticos, mas muito mais de confiança. Temos o outro lado da questão. Talvez Durex se associe a dureza, algo rude, insensível, bruto. Ou seja, algo que de tão duro e intransponível não deixa nem passar o calor, o fluir dos sentimentos pelas milhares de células nervosas ultra sensíveis existentes nas imediações. Mas que se lixe! Pelo menos não era por ali que Tróia perdia a guerra!