9? 8? Ou 8,5?
Venho aqui aliar-me a um incompreendido dos nossos tempos que pela sua idade e estatuto merecia maior respeito. Aos anos que ouvimos falar dele como o inatingível 9º planeta do sistema solar. Uma miragem para os astronautas que nem a Marte conseguem chegar. Plutão tem um nome distinto, misto de filósofo e de personagem de banda desenhada. Tem um tamanho razoável, ou razoavelmente pequeno, dizem, para quem quer ser um planeta. Mas agora querem desfazer-se dele como se desfazem dos trapos velhos. Plutão está a jeito, está nos confins das órbitas do sistema solar, e é só um toquezinho para o chutar para canto. Desde o início que Plutão era olhado de soslaio pelos cientistas e pelos outros planetas. “É muito pequeno” – diziam uns. “É uma lua de Neptuno” – diziam outros. Tiveram que determinar regras novas de classificação para eliminarem Plutão do mapa dos planetas. O que é agora Plutão? Um planeta anão dizem os cientistas. Mas afinal é um planeta ou não é? É… mas é anão! Em que ficamos? Lá por ele ser pequenito será razão para o discriminarmos? Olhem o Marques Mendes, o Rui Barros, o Maradona, o Noddy! Também são pequeninos e olhem o que conseguiram até hoje! Vamos lá a ter respeito por Plutão faz o favor. Quem não gostou muito parece que foi Neptuno, que foi agora deixado na cauda dos movimentos orbitais, e teme ser ele o próximo a ser ostracizado, tipo o senhor Zuzarte, o último da lista telefónica. Mas Neptuno é grande, tem órbita e gravidade própria. O que irão arranjar contra ele? Provavelmente, quando menos o espere, irá ser colocado na categoria dos planetas obesos. Nada me admira nesta sociedade de cientistas discriminatórios.