Blue Velvet

sexta-feira, outubro 01, 2004

À Partida Desconheço

Tenho algumas dúvidas que se prendem com a astrologia, essa ciência maravilhosa. Segundo essa ciência há logo uma dúvida que me salta à vista. Será cientificamente correcto chamar à astrologia ciência? Lembro-me dessa grande “cientista”, a Alcina Lameiras, e da sua célebre frase –“Não rejeite à partida uma ciência que desconhece”. Ora segundo o dicionário de língua portuguesa 3ª edição da Porto Editora, a definição de ciência é o “conhecimento certo e racional sobre a natureza das coisas ou sobre as suas condições de existência; …”. Antes de qualquer comentário adicional gostaria de sublinhar o “racional” presente na definição. E penso que não preciso de dizer mais nada. E para mais, se a astrologia é uma ciência, ela seria uma cientista, e sinceramente não dá muita credibilidade a uma cientista o equipamento esotérico, as luzes difusas e as roupas coloridas. Não me lembro de ver o Sobrinho Simões, prémio Pessoa do ano passado, um dos grandes cientistas portugueses, com uns colares de búzios, uma túnica estampada a cores sortidas e um osso numa orelha.
Depois há algo que me intriga. Os astros influenciam as nossas vidas segundo a astrologia. De facto as forças de atracção entre planetas e outros astros influenciam os movimentos da Terra e as marés, e os campos magnéticos gerados podiam influenciar as nossas vidas. Eventualmente! Mas e então as porcarias que estamos fartos de mandar para o espaço? Os satélites, as estações espaciais, as sondas, os astronautas? Essa panóplia de artigos espaciais, uma vez em órbita, não deveria ter também a sua quota-parte na análise do nosso comportamento e das nossas vidas? Estes senhores carto-buzio-cientistas têm essas condicionantes em conta? Nunca ouvi dizer “Esta mês a estação MIR está casa de Sputnik, o que quer dizer que vai fazer uma viagem à Rússia. Embora o seu ascendente em Voyager possa refrear esse acontecimento. É também de ter em conta que tem Marte a interceptar Discovery, o que pode querer dizer sinal vermelho para novos amores”. Isto dava um ar mais credível à dita ciência. Embora o campo da definição “racional” continuasse por preencher.