Blue Velvet

segunda-feira, maio 08, 2006

I have a dream

Parece que o governo vai penalizar os jovens casais que não tiverem filhos. Acho muito bem, afinal temos a taxa de divórcios mais alta da Europa. Um filho logo no começo de qualquer relação está para o casamento como a vaselina está para o ânus. Faz com que tudo dentro desta mini estratosfera chamada casamento run smoothly, ajuda a segurança social e por inerência faz com que muito politico e muito juiz não morra à fome durante a sua periclitante reforma.
Aos dezoito anos já era um reverendo Luther King em potência. Já tinha sonhos. Muitos. Um deles era ter um filho. Iria ser o pai “cool” que todos os miúdos sonham. Ele aceitaria de bom grado os meus conselhos (como pai “cool” e interessado pelas terapias de ensino, eu não mandava, aconselhava), ensinava-me umas coisas e acima de tudo as suas amigas ainda poderiam dar muito jeito. Principalmente a um recém divorciado com trinta e poucos anos, no auge da forma e da experiência.
Passados onze anos já não quero ter um filho aos dezoito, esse sonho deixo para a próxima encarnação. Agora quero ter pelo menos uma equipa de futebol. Tenho que tratar da minha vidinha, afinal é meu desejo obter a reforma aos cinquenta anos. Existe o problema da idade da reforma, mas quem diz que daqui a uns anos o trabalho infantil não é outra vez moda. Afinal, convêm que nasçam muitos bebés e que estes descontem, não sejam mais uns coitados a viver do rendimento mínimo garantido. Quanto mais cedo descontarem mais rapidamente a nossa segurança social sai da penúria. Sempre ouvi dizer que de pequenino é que se torce o pepino (convém os acusados de pedofilia não se lembrarem deste ditado, caso contrário, vão-no usar em sua defesa).
Penso até que na certidão de qualquer casamento deveria vir uma alínea com o seguinte ponto:

- Ponto Z: Esta união só se efectivará, quando for apresentada a certidão de nascimento do recém-nascido num espaço legal máximo, de dois anos. Caso o documento não seja apresentado durante este intervalo de tempo, esta união será considerada nula e o casal em questão terá que indemnizar o estado pelos benefícios concedidos. Este ponto não se aplica a estéreis e homossexuais.

E assim com um pequeno decreto de lei passa um país de besta a bestial. De moina a trabalhador. Claro, que depois teria que existir meios eficientes, imaginativos e duros de fiscalizar estas actividades. Imaginem que o casal ao fim de dois anos ainda não tinha filhos e nenhum era estéril. Neste caso o governo poderia sempre dar duas hipóteses ao jovem casal.

Carta: O estado gostaria de lembrar vossas excelências que ainda nenhum bebé foi efectivado. Não têm vergonha nessa cara? Desejam assim tanto mal a este grande país? Já puseram os olhinhos nos vizinhos do 2ºC e do 5ºA?
Se o problema é serem anti-sistema ou terem descoberto ao fim de meia dúzia de dias que não gostavam de um do outro, tudo bem. Dêem-nos o dinheirinho que nos devem e vão à vossa vidinha. Claro que vamos marcar o menos na caderneta e se na próxima vez que qualquer uma das suas excelências se casarem e não procriarem, vamos ter problemas.
No entanto, se o caso é falta de jeito ou pouca vontade da mulher em engordar o estado tem um catálogo com mais de 200 reprodutores (de ambos os sexos) para os auxiliar. O aluguer do homem, custa 100 euros a ejaculação. A mulher é 10000 euros. Estes “facilitadores” são voluntários da mocidade portuguesa para a reprodução, aprovados pelo IPQ. De notar, que este dinheiro vai todo para o fundo de pensões.