Porto Caribenho
Talvez devido à euforia reinante e justificada com a nossa Selecção, poucos ouvi a comentar o mais recente delírio do Presidente da Câmara da minha adorada cidade. Aquele a quem os tribunais ilibaram do epíteto de energúmeno deu um novo avanço na direcção da instauração do seu pequeno estado autoritário nesta bela cidade do norte de Portugal.
Primeiro cortou com as ajudas ás instituições culturais da cidade, como por exemplo à Seiva Trupe e a outras pequenas companhias de teatro. Comparem a relevância que tem hoje o Rivoli (quase nenhuma) com os tempos não muito longínquos em que o Rivoli mantinha cartazes muito apelativos, com espectáculos variados e dirigidos a todos os públicos. Também se apressou a abrir uma guerra ao FC Porto e aos seus negócios imobiliários, anunciando-se como uma alma imaculada e séria, vindo depois o seu executivo a ser associado a situações menos claras nos negócios dos terrenos do Bessa pertencentes ao seu Boavista. Depois, no primeiro assomo de ditador caribenho, propôs-se proibir cartazes de propaganda política ou partidária na cidade fora dos períodos de campanha. E agora chega-nos a última pérola deste animal político. O senhor Rui Rio teve a peregrina ideia de incluir uma cláusula nos contratos de atribuição de dinheiros públicos a instituições que impunha que estes se abstinham de proferir comentários críticos à Câmara Municipal do Porto e ao seu Presidente como condição para receberem o dinheiro.
Este senhor pretende, portanto, comprar o silêncio de mentes críticas com o dinheiro público. O facto de este ser um homem que lida mal com a liberdade de expressão e com o normal funcionamento de uma sociedade democrática já é por si só suficientemente grave. Mas o facto de usar dinheiros públicos para pagar silêncios, chantageando instituições de fins não lucrativos e de interesse público como a Fundação Eugénio de Andrade, torna este delírio autoritário numa afronta, não só aos Portuenses, mas a todos os Portugueses. Convidado a comentar para a comunicação social esta sua atitude, Rui Rio mostrou-se senhor da razão, dizendo ser uma atitude de bom senso e de cortesia institucional, que impõe o respeito da entidade financiada face ao seu financiador. Poderíamos lembrar, esquecendo todos os outros problemas inerentes à questão, que o dinheiro não é dele nem da Câmara. Instado a comentar o facto de não ter incluído esta clausula na recente atribuição de dinheiro a uma revista de divulgação cultural, Rui Rio disse que não queria que depois dissessem que ele estava a tentar controlar a comunicação social, mas que na sua opinião devia ter sido incluída a clausula na mesma.
Vejo estas notícias e não consigo acreditar que as coisas chegaram a este ponto. O Porto sempre foi uma cidade pró activa, independente, com alguma rebeldia, berço de grandes nomes das artes, das letras à música ou pintura, e acima de tudo um bastião de liberdade ao longo da nossa conturbada história. Neste momento é uma cidade cinzenta, acabrunhada, triste e sem movimento. Os artistas desesperam, os empresários fogem, os jovens são obrigados a procurar a sorte noutro lugar, e mesmo as pombas já voam para outros lados. O senhor Rui Rio não tem a culpa de tudo isto. Isso seria dar demasiada importância a um aprendiz de ditador que vai tentando sobreviver à custa de golpes baixos e da indiferença de uma cidade adormecida. Mas é impossível dissociar esta personagem de esta cidade cada vez mais moribunda. Não é este Porto que me habituei a admirar desde pequeno. Vá lá Portuenses! Acordem da letargia!
Primeiro cortou com as ajudas ás instituições culturais da cidade, como por exemplo à Seiva Trupe e a outras pequenas companhias de teatro. Comparem a relevância que tem hoje o Rivoli (quase nenhuma) com os tempos não muito longínquos em que o Rivoli mantinha cartazes muito apelativos, com espectáculos variados e dirigidos a todos os públicos. Também se apressou a abrir uma guerra ao FC Porto e aos seus negócios imobiliários, anunciando-se como uma alma imaculada e séria, vindo depois o seu executivo a ser associado a situações menos claras nos negócios dos terrenos do Bessa pertencentes ao seu Boavista. Depois, no primeiro assomo de ditador caribenho, propôs-se proibir cartazes de propaganda política ou partidária na cidade fora dos períodos de campanha. E agora chega-nos a última pérola deste animal político. O senhor Rui Rio teve a peregrina ideia de incluir uma cláusula nos contratos de atribuição de dinheiros públicos a instituições que impunha que estes se abstinham de proferir comentários críticos à Câmara Municipal do Porto e ao seu Presidente como condição para receberem o dinheiro.
Este senhor pretende, portanto, comprar o silêncio de mentes críticas com o dinheiro público. O facto de este ser um homem que lida mal com a liberdade de expressão e com o normal funcionamento de uma sociedade democrática já é por si só suficientemente grave. Mas o facto de usar dinheiros públicos para pagar silêncios, chantageando instituições de fins não lucrativos e de interesse público como a Fundação Eugénio de Andrade, torna este delírio autoritário numa afronta, não só aos Portuenses, mas a todos os Portugueses. Convidado a comentar para a comunicação social esta sua atitude, Rui Rio mostrou-se senhor da razão, dizendo ser uma atitude de bom senso e de cortesia institucional, que impõe o respeito da entidade financiada face ao seu financiador. Poderíamos lembrar, esquecendo todos os outros problemas inerentes à questão, que o dinheiro não é dele nem da Câmara. Instado a comentar o facto de não ter incluído esta clausula na recente atribuição de dinheiro a uma revista de divulgação cultural, Rui Rio disse que não queria que depois dissessem que ele estava a tentar controlar a comunicação social, mas que na sua opinião devia ter sido incluída a clausula na mesma.
Vejo estas notícias e não consigo acreditar que as coisas chegaram a este ponto. O Porto sempre foi uma cidade pró activa, independente, com alguma rebeldia, berço de grandes nomes das artes, das letras à música ou pintura, e acima de tudo um bastião de liberdade ao longo da nossa conturbada história. Neste momento é uma cidade cinzenta, acabrunhada, triste e sem movimento. Os artistas desesperam, os empresários fogem, os jovens são obrigados a procurar a sorte noutro lugar, e mesmo as pombas já voam para outros lados. O senhor Rui Rio não tem a culpa de tudo isto. Isso seria dar demasiada importância a um aprendiz de ditador que vai tentando sobreviver à custa de golpes baixos e da indiferença de uma cidade adormecida. Mas é impossível dissociar esta personagem de esta cidade cada vez mais moribunda. Não é este Porto que me habituei a admirar desde pequeno. Vá lá Portuenses! Acordem da letargia!