Já existem preservativos para a língua?
Ontem estava a visionar o Padrinho pela centêsima vez e ao ver a noite de núpcias entre o Michael e a Apollonia (mamma mia que pizza), lembrei-me de um pormenor que penso ser tabú na nossa sociedade. Os casamentos costumam ser marcados com alguns meses de antecedência. Algumas vezes com mais de um ano. Quando esta marcação é feita, a possibilidade de na noite de nupcias a mulher estar com o período ou não, é tema de grandes contas ou preocupações? Falo nisto, porque ao longo dos anos já ouvi muito boa gente dizer que nunca fazia amor quando o periodo se fazia anunciar. As razões dadas nem eram assim muitas. Acima de tudo um certo desconforto. Em tempos normais, se Deus descansou ao sétimo dia, faz sentido o homem e a mulher descansarem entre o 22 e 26 dia. Não é vergonha para ninguém. Isto é, por acaso é vergonha para Deus, mas não falo sobre esses assuntos porque quero evitar manifestações à porta do tasco. A noite de núpcias já é um caso diferente devido à perspectiva romanesca que se faz do dia. A ilusão que existe de o dia ser irrepetível, pelo menos com a inocência inicial porque ao quinto casamento já não há por ali nada de inocente, desperta em cada um dos seus intervenientes a personagem encantada que existe nas suas cabecinhas. Tudo precisa de ser perfeito. O acordar, o penteado, o fraque, o vestido, a igreja, as flores, o copo de água, o hotel e por fim a noite de nupcias. E aqui é que se encontra o busilis da questão. Falando como homem para quem dar é tão importante como receber ou pondo-me no lugar da mulher que sabe aquilo que quer e como quer, não se privando a nenhuma das suas fantasias e prazeres, mesmo sabendo que o dedo pode ser muito bem usado, uma língua trabalhadora é outra coisa. E noite de núpcias sem língua não é noite de núpcias. É um mau auguro.