Blue Velvet

quarta-feira, outubro 20, 2004

Ex-Namorados

Nunca tive nada contra as ex-namoradas, especialmente, se alguma (s), em determinado momento da vida, quiser reviver os bons (ou menos maus) velhos tempos. É sempre bonito rever velhas amizades, então se no momento do encontro estiverem acompanhadas pelo futuro "ex" acho imensa piada. Sou incapaz de não esboçar um sorriso. Pensar em todas as situações caricatas que se passaram, dos seus gostos, das suas neuras. “Será que ela lhe pede isto…?", "Será que lhe faz aquilo…?", "E aquela mania de…?” Acho que é inevitável não deixar de imaginar estas perguntas, mas no fundo, depois de alguns minutos de conversa de circunstância e de me despedir dela com um “Espero que corra tudo bem, e vê lá se vais dando novidades.”, penso sempre “Safaste-te de boa transpose.”, ou então se estiver acompanhado de algum amigo “O rapaz não sabe onde se vai meter, ela tem cá uma panca. Mas já viste…Cada vez está melhor.” Claro que era melhor acabar a frase na vírgula mas, em alguns casos, ainda fico um bocado agarrado ao passado vivido em Britershead e tenho sempre a secreta esperança de um dia acertar algumas contas que possam não ter ficado certas, mas lá levo a minha vidinha sem nunca mais pensar no encontro.
Para mim, o chato é quando os papéis descritos acima se invertem. Eu passo a ser o futuro “ex”, ela deixa de ser a “ex” e passa a ser a “a”, e o “futuro” do “ex” desaparece. E dá-se o encontro. Não sei explicar, mas nunca me sinto muito à vontade. Não sei se é pelo facto de para mim só existirem duas histórias, a minha e a de Portugal, e eu não ter nenhum interesse pela história dos outros, ou então devido ao facto de ser Touro, e todos os indivíduos com este signo (segundo me disseram) serem um bocado propensos ao ciúme (sendo no meu caso, um ciúme bastante controlado, raramente perceptível, que aparece sempre acompanhado por uma ligeira pitada de cinismo). Ser apanhado naquele RAM-RAM maça-me. Ele a querer mostrar que está noutra, ela idem, idem, aspas, aspas. “Lembras-te de quando…?”, “A minha vida…”, “Neste curso espaço de tempo mudei…”, bla, bla, bla…, e eu sempre a pensar “Quando é que isto acaba?”. Irritante é quando durante a conversa, ela me agarra o braço e encosta, por ligeiros momentos, a cabeça, ou me dá um beijo. Se isto acontece, a não ser que já saibamos que o gajo foi um grande cabrão, assim que tivermos oportunidade, ela tem que passar a ser uma “ex”. Porque ou tem maus fígados, e está a causar cíumes ao rapaz só pelo prazer e é uma grande cabra, ou então ainda sente qualquer coisa por ele, e aí não passamos de um pequeno chamariz que além de deixar o amor dela todo ruído de cíumes, ainda a aquece quando apanha umas noites frias (a chamada lei da compensação).
Se calhar até não é nada disto, e a verdade é esta: “Será que ele pensa o mesmo que eu quando os papéis estão invertidos?”. O que acham? Isto é normal ou o mal é apenas meu?