Carne Verde
A comida vegetariana e o culto de um modo de vida mais saudável tem ganho imensos adeptos no nosso país. E acho muito bem! Devemos comer mais saudavelmente, e a comida vegetariana oferece pratos bem bons. Eu próprio frequentei um restaurante vegetariano com alguma assiduidade perto de um sítio onde trabalhava. E gosto bastante daquelas tartes de legumes, gratinados, sopas, e outros pratos bem interessantes que se podem fazer com vegetais e outros elementos. Mas há coisas que me fazem confusão nestes restaurantes e neste mundo vegetal. Porque não assumir a vegetariandade de peito aberto. Uma atitude tipo “comemos vegetais e pronto! Não é sacrifício nenhum e não precisamos de carne para nada!”. Mas não… nesse dito restaurante havia pratos como feijoada de seitã, ou de soja, ou lá de que elemento não carnal era aquilo, e havia um dia por semana francesinha vegetariana, entre outras imitações verdes de clássicos pratos repletos do sangue das carnes vermelhas. Imaginem que eles tinham salsichas e uma espécie de enchido qualquer feitos só com elementos não animais. Confesso que a primeira vez que comi um bocado me senti enganado, burlado, ultrajado! Então estou na porcaria de um restaurante vegetariano ou não? Mas para quê? Para quê esta necessidade de imitar os pratos de carne mais emblemáticos da nossa praça? Uma tentativa de afirmação pela imitação em vez de ser pela diferença. Ou será que não percebem que uma francesinha só é boa com 4315 kcal cheias de gordura, carnes, sangue e colestrol, tal como por outro lado um gratinado de bróculos, couve flor e alho francês nunca poderá ser imitado por chouriças de sangue, fiambre e bacon com molho bechamel. Parece uma maneira estúpida de provar aos outros “nós também conseguimos comer salsichas! Sem carne!”. Salsicha é com carne e pronto! Acabou! Deixem-se de merdas. Assumam que são vegetarianos! Dá ideia que não estão seguros daquilo que estão a fazer. Parece que os vejo a comer francesinhas vegetarianas sempre augados pela verdadeira iguaria. Enfim… parece que têm medo da diferença ou procuram-na a medo para depois inflectirem e convergirem a diferença na direcção daquilo de que fugiam. Claro que depois temos os vegan, que muito pelo contrário levam a coisa tão longe que já cheira a manifesto político ou a um problema de atitude. São mais do tipo que comem vegetais como forma de luta. As alfaces são um meio e não um fim.