Mix-Tapes
Na pré-pré-história (não esquecer, mais uma vez, o público alvo deste blog), havia um objecto chamado cassete. Não, não é cassetete. É cassete. Caso não saibam à muito tempo atrás, quando ainda se contava a história do Príncipe Encantado antes do menino dormir, este utensílio (reparem no modo subtil de não repetir a palavra objecto (Upps!!!)) era bastante famosa. Tinha a vantagem sobre o CD de ser bastante mais pesada e tinha uma fita que servia para amarrar ladrões, para pessoal sado-maso (ou simples curiosos) que não tinha dinheiro para algemas, além de mais algumas utilizações. A desvantagem era não servir de disco voador miniatura. Servia, também, para ouvir as tão amadas melodias daquele tempo de gente R-R. Esta sigla não é o mesmo que Tecla 3 (como vêem tenho a preocupação de me pôr a par das novas tendências do calão juvenil), mas tem um significado parecido. Era o que vocês chamam hoje de pessoa duplamente rude, ou então rude-rudimentar (para dar a enfâse ao rude). Era bastante comum fazer-se na altura as chamadas mix-tapes. Gravar um cd que não tínhamos (na altura não existiam gravadores de cd’s), ou então gravar umas mix-tapes. Misturar todo o tipo de música para ouvir no carro, no walkman, dar a um amigo, a uma namorada. Tinha piada a organização que alguns faziam, dependendo a quem se destinava. Se era para mim, geralmente era ao sabor dos tempos, o que me arrebatasse nessa altura (Nirvana, Rage, de Verão, com o Sol a abrir os olhos), mas também tentava ter uma cassete por estado de humor. Uma para quando estivesse bem disposto, outra para os dias menos bons e pelo menos outra a puxar para o romantismo. Se fosse para um amigo(a) dependia dos gostos e da pessoa em si. Tentava caracterizar a pessoa através da música. Outros, na minha opinião, só ouviam bosta e eu tentava influencia-los, mas sempre com muito respeito (não vá o Bloco ficar chocado por posição tão autoritária). Quando era para uma namorada, ou alguma gata por quem eu estivesse pelo beicinho, tentava mostrar o que sentia, e o queria. Por norma era sempre utilizada a chamada gravação de ataque continuado. Tentava fazer com que o som que ela escutasse parecesse uma extensão da minha voz, que estava a falar com ela. O factor chave era as letras, fossem as músicas aceleradas ou calmas. Não fazia para impressionar, simplesmente para passar o tempo. E como ouvia bastante música (agora um bocadinho menos, infelizmente), era uma delícia relaxar e depois ter o prazer de oferecer a alguém que gostava, um presente que significava algo fosse amigo, gata, pai ou menino Jesus.
E assim Acontece. Um momento National Geographic.