A discussão está aberta
Isto de pertencer à elite da blogosfera tem muito que se lhe diga. Há gajos que são tão bons, tão bons que até recebem convites para escrever umas breves linhas em blogues alheios. Quem os convida sabe que o seu pasquim passará a ser olhado por outros olhos e quiçã com alguma sorte e engenho, passarão a figurar no top 100 português. Não tenho nada contra. Acho bonito até, desde que não se gaste dinheiro dos contribuintes para esta promoção.
Num desses convites que lhe são distribuidos, o Freddy levantou uma questão bombástica e pertinente:
Num desses convites que lhe são distribuidos, o Freddy levantou uma questão bombástica e pertinente:
- Porque é que não nos importamos, e por vezes até gostamos bastante, de cheirar os nossos peidos? Será a mesma lógica de termos de gostar dos nossos filhos mesmo quando são os maiores rottweillers à face da Terra?
Penso que a primeira questão é de grande importância e apraz-me dar os parabens ao autor por ter tido a coragem de falar de assunto tão melindroso. Já a segunda pergunta parece-me totalmente desfasada do que o autor pretendia. Sem se aperceber, comete o erro de tentar correlacionar prazeres com obrigações. Não entra aqui em equação se estamos a comparar um prazer inócuo, ou então, um prazer de merda com uma obrigação de alta responsabilidade. Claro que ambos vieram do fundo das nossas entranhas e fazem parte de nós. Mas existem grandes diferenças. Enquanto um tem uma mortalidade de vida de um, dois minutos, o outro, sendo rottweiller ou caniche, tem uma mortalidade muito maior, infelimente num caso, felizmente no outro. Claro está que estou à partida a eliminar aquele peido que embora morra, perdura para sempre na nossa memória, porque teve uma duração fora dos canones normais, um som invulgar ou lembra uma situação mais embaracosa. Também existe diferença devido à maneira como são fecundados. Os filhos precisam sempre de espermatozoides e ovulos, são sempre um trabalho a dois, enquanto o peido não precisa de mais ninguém excepto nós mesmos. Claro que uma boa feijoada ajuda, mas não é essencial. Existe por aí muito boa mulher e muito bom homem sempre prontos para deixar a sua bomba com cheirinho. Para alguns até serve como marca registada. Há a ter em conta, como lhe gosto de chamar, o resultado da especulação bolsista associado. Antes do mais devo dizer que estamos na presença de dois tipos de investimentos. O primeiro é um investimento a curto prazo enquanto o segundo tanto pode ser investimento a longo prazo ou a fundo perdido. O peido quase não dá tempo para especulação, dando logo os resultados nominais em bolsa, que se traduzem quase sempre num melhor bem estar após soltar o dito. O filho tem um valor especulativo bastante elevado, à volta dos nove meses. Por sua vez os resultados na bolsa só vão para o positivo passados 30 anos e isto depende dos critérios idealizados de investidor para investidor. No meu caso considerava o resultado positivo se o modo como foi lançado o investimento gerar boas memórias, antes do trinta o rebento estivesse a morar fora de casa dos pais, já tivesse apresentado umas amigas novas ao pai e não for todos os fins de semana a casa encher o saco e lavar a roupa. Caso contrário foi investimento a fundo perdido.
Depois de exposto o meu ponto de vista, penso que a pergunta certa deveria ser :
- Porque é que não nos importamos, e por vezes até gostamos bastante, de cheirar os nossos peidos? E quando os peidos são dados pelos outros? Filho adoptivo ou filho do vizinho que acabou de nos partir o vidro?
Gostaria que tal questão não morresse por aqui e se tornasse uma discussão de toda a sociedade civil e não apenas dos chamados, intelectuais do peidinho. Estará o peido a ser maltratado pela nossa sociedade? Não existirá a chamada peidofobia? Se o meu peido é meu amigo porque é que o peido do meu melhor amigo, não será peido amigo também? Não discutam e depois queixem-se quando os animais deixarem de ser nossos amigos...