Blue Velvet

quarta-feira, abril 05, 2006

As Fridas



As next big thing são como as famosas pomadas para calos. Endurecem, apodrecem e caem. Sejam assuntos jornalisticos, artisticos ou até mesmo blogoesfericos. Existe uma necessidade intensa de sacar estes sapos. Caso não exista nada de novo, desenterram-se uns velhos injustiçados e faz-se um embrulho novinho em folha para a prenda não parecer que foi comprada em loja de segunda mão . De à uns tempos para cá parece-me que uma dessas descobertas é a Frida. Como qualquer artista imagino que é uma boa artista. Qualquer pessoa que tem a coragem de demonstrar a sua arte ao público merece ser aplaudido de pé, mesmo que essa arte seja fraca. Caso a falta de qualidade seja a palavra chave o culpado é quem ajuda o artista a expôr e lhe dá força. A carga de porrada que um promotor destes deveria apanhar deve ser directamente proporcional aos incentivos que deu. Claro que no caso da Frida isto não acontece, ela é uma boa artista. Quem deveria apanhar uma carga de lenha era o marido ou então a enorme falange de amantes que teve. O problema na Frida não é o produto em si visto ela ser uma boa artista, mas sim o conteudo desse trabalho. Será que nunca ninguém lhe disse algo do tipo: “Fridinha, eu sei que tiveste uns azares na vida. Ficaste coxa devido à poliamite. Tiveste aquele azar do caralho com o ferro, mas e que tal pintares umas gajas boas de vez em quando? É que embora sejas fogo na cama essa beleza deixa um bocado a desejar. Ao menos faz o bigode de vez em quando”. Compreendo que ter uma mãe cega complica o ensinamento destes cuidados higiénicos durante a fase do pepino, a chamada meninice. Nunca lhe ter podido ensinar o que era uma gilete ou uma descoloração foi de facto uma peninha. Deu-lhe foi um espelho para pôr no quarto. Enganar assim uma adolescente devia ser pecado. Devia dar pena de morte e uma eternidade no inferno. Fazia-lhe falta uma mãe como a minha que não tem problemas em dizer-me as verdades. Ainda à menos de um mês virou-se para mim e disse-me: ”Eras tão bonito quando eras pequeno. Tão bonito. O cabelo todo loirinho. Agora estás tão...uhhhh...”. É bonito o amor de uma mãe, especialmente expresso com este arco-iris de sentimentos. Claro que no caso da Frida não se põe em causa o valor do trabalho. Ela só pode ser uma boa artista, afinal a blogoesfera é o algodão do inicio do século XXI, e se a blogoesfera lhe canta hossanas para mim é quanto baste. Agora, se a senhora ao morrer disse: “Espero alegremente a saída - e espero nunca mais voltar”, obviamente que quer ser esquecida. Por alguma coisa é. Eu imagino o que seja, mas não quero levantar falsos testumunhos. É aquela famosa cena do eu sei que ela sabe que eu imagino o que ela imaginou que vocês sabem que eu sei que ela sabe que eu sei mas sou demasiado bem educado para dizer. Compreendem? Deixem a senhora descansar em paz. Já chega de tempos a tempos termos que aguentar esta Frida ressuscitada na Islândia. Ao menos esta sabe o que é uma gilete, ou máquina de barbear. É pena não ter o mesmo talento para a pintura.