quinta-feira, março 31, 2005
Violação de Privacidade
A casa de banho tem sido um local de culto, onde lemos aquilo que nos dá na gana, onde contamos o número de azulejos da parede, onde fazemos barulhos nunca revelados ao mais intimo dos amigos, onde estudamos a composição química de cremes, loções, analgésicos, pomadas e anti inflamatórios, ou onde simplesmente nos sentamos descansados a pensar no dia que passou, no que há-de vir, no que poderia vir, ou no que nunca virá. É um descanso do mundo exterior, um descanso mental, minutos de puro relaxamento, livros devorados, revistas desinteressantes folheadas apaixonadamente, enfim. São o que eu chamo de revistas de merda. Aquelas com notícias do mundo social. As mais apropriadas para uma latrina.
A verdade meus amigos, e que essa pequena fortaleza da nossa intimidade tem sido vandalizada. Depois do fast food, teria inevitavelmente que ser introduzido o conceito do fast shit. O conceito é o seguinte: tira-se todo o conforto, toda a sensação de segurança a uma casa de banho, e as pessoas usam-na menos tempo e menos vezes. A casa de banho tornou-se um espaço aberto, de comunhão e intercâmbio. Segundo este conceito, ao entrarmos numa casa de banho destinada a vários usuários, como em shopings, empresas, espacos públicos, deparamos com um espaço para a intimidade reduzidissimo, aberto junto ao chão e acima da cabeça, apenas resguardando a privacidade mínima. São autênticas barracas pré fabricadas de qualidade duvidosa que nos separam do mundo exterior. É uma verdadeira violência tentar ter um momento relaxado, quando é possível ver as sombras de pessoas apressadamente a dirigirem-se para os urinóis, sermos bafejados pelo sopro indiscreto da maquina de secar as mãos, ouvirmos as conversas exteriores, ouvir a porta a abrir, a porta a bater. É um momento de alerta constante, em que estamos sempre a ver quem entra, quem sai, e é um alivio quando o espaço se esvazia, voltando a pertencer-nos exclusivamente. Esforçamo-nos por não nos fazer notar, e jogamos o timing dos nossos afazeres com a baforada ruidosa da máquina de secar as mãos ou com a descarga do urinol. E se nos descuidamos fora de tempo e damos sinal de presença, pensamos “vão-me reconhecer pelas sapatilhas!”, enquanto tentamos elevar os pés a uma altura de segurança. O que é feito das paredes? Das portas até ao chão? Depois disto, o que falta?
quarta-feira, março 16, 2005
01
segunda-feira, março 14, 2005
Já chateia
Resgate
O Nome
domingo, março 13, 2005
O Regresso ...
quarta-feira, março 09, 2005
Ordem de trabalhos na A.R.
O Presidente da A.R.
Dr. Jaime Gama
É meu...É nosso!!!
- Não! É meu.
- Desculpai lá qualquer coisinha, mas não posso concordar. É meu.
- Amigos, companheiros, palhaços. Estão totalmente errados. Esse tem que ser meu.
- Não concordo. O meu mestre sentou-se aí em 1982. Não cedo. O lugar é meu.
- Querem ver que vai haver porrada. A cadeira é minha. Comprei-a num leilão no e-Bay.
- Não me interessa mestres, leilões, o caralho que vos foda. Aqui é onde as câmaras apanham o meu melhor lado. Esse lugar é meu
- Olhem aí para o canto. Não vêem o meu nome escrito no tampo? O lugar é meu.
- Não!!! É meu.
- Meu!!!
Tasse a passar
terça-feira, março 08, 2005
Quem pega por moça, perde por força
QED, reconhecido por todos pela sua paciência e bom coração jurou vingança. Havia-a conhecido quando, um dia, ia a passar na esquina junto ao seu local de treino e ouviu um estrondoso assobio. Olhou para ela, que com um sorriso malandro lhe disse “Cubembom que tu tens!!! Musculado”. A especialidade da Joaquina sempre tinha sido o assobio. A sua perdição os cús. Então se as suas mãos assentassem perfeitamente nas nádegas, a mulher ficava desvairada. Foi paixão à primeira palmada. Porém, antes do casamento o seu saudoso pai, confiando no seu instinto e sabedoria com mulheres assobiadeiras alertou-o “Mulher que assobia, ou é cabra ou é vadia”, mas a paixão tinha-lhe toldado a racíocinio e o casamento fez-se.
Apercebendo-se da traição das pessoas que ele mais amava ao cimo da terra virou-se para o seu treinador e exclamou “Dou um boi para não entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair e... haja boiada!!!” . Contratou meia dúzia de detectives para palmilhar o mundo à procura destes dois, e pacientemente foi-se treinando para o combate que um dia iria surgir. O saco de boxe tornou-se a sua mulher e a sua amante. Ainda lhe disseram para não ligar, que “Amigo que não presta e faca que não corta: que se percam, pouco importa “, mas o QED não queria saber, da sua cabeça além de duas aberturas salientes que estavam a cresçer e a dar fruto desde tamanha facada, não lhe saía a ideia de que “O Robalo, quem o quiser há-de escamá-lo”, e ele já tinha a faca, as luvas só tinha que esperar pelo peixe.
Um dia estava o QESA, impacientemente à espera da sua assobiadora-mor apenas com um livrito a fazer de folha, quando lhe entram três jagunços pela porta dentro. Naquele instante, sem ninguém lhe dizer nada, ele soube exactamente o que eles estavam lá a fazer. Ele conhecia o amigo, sabia que ia ser levado à força e que teria que lutar com ele. Ao mesmo tempo arrependeu-se do que fez, mas tinha que responder perante os seus erros, afinal ele tinha tido mais olhos que barriga e que “Quem com porcos se mistura, farelos come”. De Joaquina não quiseram saber, preferindo deixa-la entregue aos budistas. Afinal, que melhor maneira de castigar uma assobiadeira do que a abandonarem no meio de pessoas vestidas com túnicas, onde as curvas corporais, pelo menos as que ela gostava, não eram notadas?
Ao chegar cá, em pleno mês de Janeiro, QESA ainda se lembrou que “Em Janeiro veste pele de carneiro”, e à boa maneira portuguesa já ia preparar um pequeno acto de vitimização mas o amigo nem sequer falou com ele. Apenas lhe mandou um recado a dizer que tinha um mês para estar em forma. Que no fim deste prazo iam resolver o seu diferendo, em cima do ringue, para de uma vez por todas saberem quem era o melhor e acima de tudo para aprender que nunca se traí um amigo.
O tempo foi passando e a dupla dinâmica treinava dezoito horas por dia. Ao pé deles o Silvestre Estalo Sozinho era um principiante, um mero peso pluma.
Até que...Tcham...Tcham...o dia chegou. QED estava motivadíssimo, afinal “Em Fevereiro mata o teu carneiro”, embora o seu coração não o impelisse a tanto. Meia dúzia de dentes partidos, uns hematomas e o cinto de campeão chegavam para dar uma ensinadela ao QESA. Este, ao contrário do que era costume, estava bastante calmo. “Cão que ladra não morde” e embora QED fosse um bocado mais alto “Quanto maior a altura maior o tombo”.
Encontraram-se no meio do ringue. Cumprimentaram-se violentamente, e QESA tentando amaciar o opositor disse “Águas passadas não movem moínhos”, ao que QES retorqiu with furious vengeance and anger “Antes um cachorro amigo que um amigo cachorro”. E o combate lá começou. Ora dava um ora dava o outro, ora dava um ora dava o outro, sempre com grande violência. Os rounds sucediam-se e à medida que ia chegando ao fim as suas caras pareciam um terreno em construção. Ao decimo terceiro round, deu-se a surpresa. QED deu uma ligeira aberta e o oponente aproveitou. Enfiou-lhe semelhante bujarda que naquele pequeno ponto a gravidade aumentou mil vezes. QED caíu que nem um tordo. “A desgraça não marca encontro”, terá pensado num breve momento de lucidez antes de perder completamente os sentidos. Derrotado, sem mulher, nada mais lhe restava. Talvez, ainda tivesse o robalo, que tinha comprado para comemorar, para comer se não ficasse muito tempo no hospital. Não o meteu no congelador e o prazo podia passar.
A Inscrição foi feita, as quotas pagas
Não podíamos ficar de fora. Aglutinadora, abrangente, cheira-me que a curto-médio prazo se tornará a maior associação do país, quiçá do mundo. Afinal de contas, há quem goste de peixe, há quem prefira a carne. Mas já agora quem não gosta de um Cú bem bom?
quinta-feira, março 03, 2005
As raínhas estão de volta!!!
Chamem-lhes rainhas, reis, monges franciscanos ou imperadores. Eles não querem saber. A única coisa que lhes interessa verdadeiramente é seguir a famosa cartilha: Sexo, Drogas e Rock-N-Roll.
Na minha opinião são a melhor, mais excitante, mais imaginativa, mais negra banda ROCK desde os Nirvana. Diz-se à uns anos que o Rock está morto, e que tirando os White Stripes e no ano que passou os Franz Ferdinand, nada de transcendente tem aparecido neste género musical. Têm a sua piada...mas não os consigo comparar com as minhas rainhas. Por mais que não seja, falta-lhes sempre, pelo menos, a atitude. Desde “Rated R” e “One Armed Scissor” dos At The Drive In, o Rock ganhou um certo brilho. A experiência de ouvir um album das rainhas pela primeira vez é única. O rock circular, sombrio, que pega no nosso cérebro e poem-no literalmente dentro duma montanha russa ou então de uma máquina de lavar roupa. Nunca se sabe o que virá a seguir. Espera-se a acalmia, dão-nos a violência. Espera-se a explosão das guitarras e obtemos uma voz sussurante que nos embala e adormece. Para quem como eu esperava o seu retorno, é tempo de festejar. O dia 22 ainda está longe, mas o pior já passou. O álbum chama-se “Lullabies To Paralyze” e já se encontra disponível o single “Little Sister”.
O que espero? O que seria de esperar deles…Um dos melhores álbuns do ano. Posso estar muito enganado, mas os QOTSA são como o algodão: Não enganam.