Blue Velvet

sexta-feira, julho 28, 2006

O amor e duas formas de o exprimir

Nos tempos livres de navegação pela blogoesfera descobri dois blogues que falam sobre o amor, embora totalmente diferentes. O primeiro é americano e foca-se na vingança da autora sobre o marido, que a traiu com a melhor amiga. Que mente mais perversa. Até se chega a ter pena do marido. O segundo blogue é português e parece-me que é dedicado a uma mulher que o autor gosta mas não tem coragem de dizer. Embora a escrita seja um bocado para o "melguento" e para o "meloso" o autor releva bom gosto a nível feminino e musical.

Dúvida: Porque blogoesfera e não blogoquadrado ou blogoparalelipipedo?

quarta-feira, julho 26, 2006

Libano (Hezbollah) Vs Israel



Não havia maneira de haver um torneio internacional como o que está acima para resolver a coisa de uma maneira mais pacífica? Punha-se de lado o armamento e todo aquele terreno onde se dá a disputa, trocando-os por uma ou mais bolas, um campo de futebol, que pode ser o do Maccabi Haifa, crónico participante nas competições europeias, com o estádio homologado pela UEFA para as grande competições, e escolhiam-se dezasseis jogadores para cada lado. Caso falte algum do lado do Hezbollah podem contactar o Daniel Oliveira que ele anda por aí e é gajo para bater um bolão. Tudo pela paz entre povos. Para arbitro poderia ser escolhido o professor doutor Freitas do Amaral, caso os problemas de saúde estejam totalmente debelados. Se for complicado a gestação desta partida, que continuem para lá ao tiro mas que mudem o torneio para Portugal. Somos muito bons a organizar eventos. Fazia-se um encontro entre os blogueres portugueses. De um lado os da direita, pró-israel, do outro os de esquerda, pró-hezbollah. Embora tenha lido textos interessantes de ambos os lados da barricada, está a chegar a altura na qual já não se diz nadinha de jeito. As justificações repetem-se. As discussões começam a ir buscar datas de miloitocentosetrocaopasso. Aparecem as postas apenas com a imagem de uma criançinha ferida e com um titulo bonito, vulgo, maneira fácil e intelectualmento pouco digna de dizer: "Eu é que sou presidente da Junta!!!", isto é, "Vejam o que o vosso lado faz...Eu é que tenho razão." Os grande postadores do nosso quotidiano por vezes perdem a compostura e partem para o insulto. É feio. Queixam-se do nível e são os primeiros a dar um mau exemplo. Resolviam isto tudo tão facilmente. Com golos, emoção e pronto, uma ou outra cabeçada, que nunca fez mal a ninguém. O que receber o insulto mais calunioso é considerado o MVP. Caso não saibam, há vida para além de Israel , Libano, Síria, Irão e outros que tais. Caso não haja, azar. Uma coisa é certa. Se um dia souber que o mundo vai acabar eu não vou trabalhar, mas sim ter uma overdose de prazeres terrenos. Toca a falar de mulheres, carros e futebol. Caso não consigam, que tal falar acerca do governo, das reformas antecipadas, da saúde, do ensino, da Segurança Social, dos recibos verdes, da Casa Pia, dos juizes, das exportações, do investimento privado, das empresas públicas. Afinal este é o nosso país. Pode ser por pouco tempo. A guerra nuclear pode deflagrar. A Espanha pode-nos anexar. Mas enquanto isso, isto ainda é nosso e continua na merda. As usual...

quinta-feira, julho 20, 2006

Hoje foi dia de salto

Eram 11:39:00 e lá começei eu. Mais vale começar uns segundos mais cedo e não arriscar do que falhar a tentativa. Pumba, pumba, pumba. Sempre a saltar e atenção, com extrema dedicação. Não foram saltos para não suar e sem convicção, tipo ao pé coxinho e com uma carica no olho. Nada disso. Foi com os dois pés juntos e sempre a malhar no chão como não houvesse amanhã. Até os meus joanetes estão a dar de si. Mesmo assim não senti nada a transladar ou a mudar de orbita. Mesmo eu não mudei de lugar. Nem um centimetro. O sitio onde estava às 11:39 era o mesmo que estava às 11:40. E atenção, que fiz um circulo com um pedaço de giz para me certificar se havia movimentação ou não.

O galinheiro da minha avó quer ter um nome

Já não como um arroz de cabidela à bastante tempo. Uns imbróglios tem impedido que as minhas papilas gustativas degustem tão saboroso manjar. Para começar deu-se aparição da gripe das aves e o meu amor por galinhas decresceu uns graus. Entretanto a minha avó resolveu reformular a estrutura dos seus anexos para colocar as galinhas. Eu sei que podem me apontar como "um bocado racista", mas em questão de pito sou um gajo noventa e cinco por cento fiel. Tirando um ou outro churrasco, de quando em vez, na minha boca não entra pito vindo do aviário. Só caseirinho. Quem disser que é igual que se benza e ponha lado a lado os dois tipo de pito. É como comparar, dentro do maior respeito mas tendo em conta as óbvias diferenças, a Monica Bellucci com a Dr. Deputada Odete Santos.
Mas voltando aos anexos. Agora que eu pensava que a minha avó ia começar a armazenar os pitos e engordá-los para posterior matança ela resolveu esperar. Segundo ela toda a remodelação ficou bastante cara e só começam a entrar pitos quando for dado um naming ao dito anexo. Mas está dificil. Ninguém se chega à frente com a nota e com o nome. Penso que a solução é juntar às galinhas uma grande quantidade de porcos. Diversifica o menu, aumenta o plantel e futuras oportunidades de negócio, e pode ser que alguém na CGD, sensibilizado com tão subtil homenagem se chegue à frente e faça a negociata.

quinta-feira, julho 13, 2006

O Nosso Mundial

Depois da análise generalista do Mundial de Futebol aqui fica a análise prometida à nossa Selecção.
É inevitável falar de Scolari quando falamos da Selecção e, como já aqui o mostrei, eu não gosto muito de Scolari. Sou, no entanto, justo a reconhecer-lhe méritos. Scolari é e foi capaz de criar um grupo unido onde o colectivo interessa sempre mais que o indivíduo. Na Selecção de Scolari temos uma grande solidariedade e todos a batalhar no mesmo sentido. Também temos uma Selecção muito forte psicologicamente, que não se deixa abater com adversidades (Holanda) e que não se deixa levar pela pressa de marcar abandonando os seus processos (França e Inglaterra). No entanto, Scolari não é muito astuto tacticamente. As substituições são sempre previsíveis e pouco alteram a equipa. Se isso por um lado mostra pouca argúcia, revela também que cerca de 8 jogadores viajaram para a Alemanha para fazer número. Boa Morte, Hugo Viana, Hélder Postiga, Caneira, Nuno Gomes são exemplos de jogadores muito pouco utilizados ou que a sua utilização redundou em fracasso. Scolari prefere um grupo de fieis escudeiros onde nenhum ouse subir um degrau acima dos outros, onde todos saibam o seu lugar. Por isso defende com unhas e dentes convocatórias repetitivas onde raramente são dadas hipóteses a jogadores que trabalham com qualidade mas que não tiveram a sorte de entrar para o seu grupo restrito. Para além destas apostas tivemos a previsível má forma de Costinha, a já irritante má performance de Pauleta, e o cansaço de Deco que nos fez jogar todo o Mundial sem um nº 10 decente.
Para mim o melhor jogo de Portugal foi com a Holanda. Portugal entrou bem no jogo, muito concentrado e não deixou jogar os Holandeses, o que os irritou. Costinha foi a única nódoa, e Scolari poderia eventualmente ter previsto a sua expulsão, mas não se pode condená-lo por não o ter tirado. Nesse jogo Scolari esteve muito bem nas substituições, e se não fosse o descambar do jogo para uma batalha campal fruto do mau perder dos Holandeses, poderia aquele até ter sido um dos melhores jogos do Mundial. Contra a Inglaterra Portugal pouco jogou. Talvez se tenha notado demais a ausência de Deco. A equipa foi combativa e disciplinada, mas muito pouco criativa e incisiva. Poucas vezes fomos capazes de chegar à baliza da Inglaterra e perigo real apenas criámos nos últimos 10 minutos de jogo. A Inglaterra foi sempre mais rápida e mais decidida. Na segunda parte foi quem pegou no jogo e, não fosse a expulsão de Rooney e estou em crer que o jogo tinha corrido de outra forma. A jogar contra dez nunca fomos capazes de encurralar o adversário, e foram mesmo dos Ingleses as oportunidades mais flagrantes. Contra a França tivemos o mesmo problema. Nunca fomos capazes de partir para cima do adversário e encostá-lo ás cordas. Scolari preferiu sempre ultra povoar o meio campo a ter mais presença na área. Também nunca consegui perceber a razão de pôr o Cristiano Ronaldo a jogar a ponta de lança. É uma ideia tão estúpida que até parece mentira. Contra a França Domenech agradeceu, já que Ronaldo arrastava 3 e 4 franceses cada vez que pegava na bola. Ronaldo ganhava a linha e tinha que voltar para trás já que não havia gente na área. Também nunca percebi porque não jogou mais Nuno Gomes, e porque nunca jogaram dois avançados quando precisamos realmente de arriscar.
Destaco o grande Mundial que fizeram R. Carvalho e F. Meira. Meira começou mal, mas foi melhorando, e nos dois últimos jogos esteve sublime. Também Miguel esteve muito bem, embora acusasse algum desgaste no fim dos jogos. Figo foi um grande capitão e sempre perigoso. Muito do respeito que incutimos nos adversários nascia da sua presença. C. Ronaldo esteve também em crescendo, sendo que contra a França foi sempre dos mais inconformados e mais perigosos. Tenho também que destacar Maniche que, depois de uma época para esquecer nos clubes por onde passou, fez um Mundial sempre a 200 à hora, marcou golos importantes e foi o elemento mais regular da equipa. E por fim Ricardo, que apesar de um golo em que divide as culpas com a bola contra a Alemanha, fez um Mundial muito certinho, mesmo nos cruzamentos, e acabou por brilhar mais uma vez nos penaltis. Como desilusões temos o Costinha e o Deco. Com eles os dois em forma o meio campo de Portugal seria certamente outra coisa. Pauleta é uma desilusão recorrente, já que nunca esteve bem numa grande competição. E depois temos os que nem sequer eram opção, mas que não são desilusão pois ninguém esperava nada deles.
O facto é que Portugal ficou em 4º lugar do Campeonato do Mundo, o que é a nossa segunda melhor classificação de sempre. Foi, como é óbvio um excelente trabalho do seleccionador e dos jogadores. No entanto eu não gosto da forma como lá chegamos. Uma equipa com os nossos jogadores tem a quase a obrigação de tratar melhor a bola e o jogo. Tudo o que se disse da Argentina por ter defendido um 1-0 contra a Alemanha quando dispunha de soluções para ter outra atitude também serve para Portugal. Por outro lado, penso que foi óbvia a nossa má organização ofensiva. Portugal tem dificuldades a atacar e não tem uma referência na área. Penso que a França sabia isso, depois de ver a nossa equipa a rondar durante quase uma hora a defesa da Inglaterra sem criar uma oportunidade de golo, e por isso se acantonou na sua área depois de marcar à espera que o tempo passasse. Portugal joga muito bem nos dois primeiros terços de terreno, mas no ataque Portugal é inconsequente. Tirando alguns contra-ataques bem desenhados, pouco Portugal construiu de perigo neste Mundial. Foi notório que Portugal não tem um avançado de qualidade, e que não há quem substitua Deco. É quase ridículo ter o Hugo Viana com um 10 nas costas no banco e meter o Figo a jogar num lugar que não é o seu.
Só uma última palavra para a atitude de Portugal no jogo com a França. Depois de tanto acusarem os nossos jogadores sem razão, eis se não quando Portugal deu azo aos seus mergulhadores. Contei uns cinco ou seis saltos para a piscina. Para mim nem aquela de Ronaldo é penalti. É triste ver tantos jogadores a fazer isso numa meia final do campeonato do mundo. Fruto da nossa cultura nós não conseguimos percebe-lo tão bem, mas para países como Inglaterra, EUA ou países nórdicos, esta conduta é anti desportiva e uma enorme falta de respeito e de cavalheirismo. Achei também muito feio que no fim Scolari viesse queixar-se do árbitro e tivesse engendrado já uma cabala sul americana para tirar Portugal da final. Simplesmente ridículo. O árbitro esteve bem no jogo. Talvez num pequeno período tenha parecido mais decidido a apitar contra Portugal do que contra a França. Depois de um comportamento exemplar durante a prova, é triste acabar assim. Scolari tinha tirado da mente dos jogadores portugueses a eterna cantiga do coitadinho, e no fim veio com a metáfora do patinho feio. É um mau exemplo para os jogadores e é baseado em pressupostos que não são verdadeiros.
Todos sabem que eu defendia outra convocatória, mas foram estes os seleccionados e, contando com as características de Scolari, esta até terá sido uma boa convocatória. Quaresma, Pedro Mendes, Raul Meireles, Moutinho ou Hugo Almeida são apenas alguns nomes que poderiam ter estado na Alemanha. Scolari conseguiu um excelente resultado, apesar de tudo, mas para mim está na altura de mudar. Tal como se fecha o ciclo de muitos dos jogadores, estará também na altura de mudar de seleccionador. É preciso renovar esta selecção. Scolari falou na renovação falando em 2 ou 3 jogadores. Isto assusta-me. Há muitos jogadores a trabalhar e a inserir na equipa. Lembro também que o nosso grupo de qualificação para o Europeu está longe de ser a facilidade que foi o do Mundial. Bélgica, Polónia, Sérvia e Finlândia são equipas com uma palavra a dizer e que nos vão criar muitas dificuldades. É preciso um seleccionador que trabalhe mais próximo das camadas jovens. É preciso um seleccionador mais ofensivo e menos teimoso. É preciso um seleccionador audaz e que saiba arriscar. Pode ser estrangeiro, pode ser Português. Mas vamos mudar!

sexta-feira, julho 07, 2006

Jogar Pró Mundial

É hora de fazer um pequeno balanço deste Mundial de Futebol. Eu sou um apaixonado pelo futebol, e para mim um Mundial é sempre uma celebração onde podemos deliciar-nos com combates entre diferentes estilos, o futebol físico, o futebol técnico, o futebol táctico, o futebol de ataque, o de contra-ataque, o futebol de contenção, enfim, uma mescla de estilos que muitas vezes reflectem todo o espírito de um povo. Mas para quem gosta realmente de futebol este Mundial foi uma boa treta, e esqueçamos por momentos nesta análise a magnífica prestação de Portugal. O último bom mundial que me recordo com precisão foi há 12 anos nos EUA. Houve futebol de ataque, houve surpresas, houve emoção, jogos com golos, alternância no marcador, simplesmente houve futebol. O de França foi pouco interessante, e Coreia-Japão foi simplesmente desconcertante, com as principais equipas a baquearem e com jogos sofríveis, apesar de algumas surpresas interessantes como o Senegal, a Turquia, a Coreia e os EUA.
Nos EUA tivemos uma Roménia harmoniosa a jogar ao ataque e a desafiar as grandes selecções, como aquele grande jogo contra a Argentina. Tivemos também uma Bulgária que chegou ás meias-finais com excelentes prestações. Lembro-me particularmente do jogo em que eliminaram a Alemanha com um golo fantástico de Stoitchkov e outro de Letchkov. A Suécia terceira classificada fez também um grande torneio, mas outras equipas, que não chegaram tão longe, deram espectáculo e pregaram-nos ao televisor de madrugada, como a Nigéria, o Brasil, a Itália de Baggio, ou a Argentina ainda de Maradona.
Este Mundial de 2006 fica marcado pelo futebol de contenção, cínico e medroso, quase cobarde. Não houve uma equipa que se destacasse por jogar descomplexada para a frente. Só talvez o Gana, que a jogar ao ataque e com alguma ingenuidade, inerente ao facto de ser estreante e de África ainda se divertir com o futebol, encostou o Brasil ás cordas e baqueou com um golo em fora de jogo e com estocadas cruéis de lampejos de qualidade de um Brasil pobre. A Itália, estranhamente, até nem está tão defensiva como o costume. Foi, para mim desde o início, das equipas mais consistentes. Mantém uma estrutura sólida e faz uso da sua solidez defensiva. É genético. Não se pode ficar chateado por a Itália jogar na contenção e à espreita do erro adversário. Mas joga um futebol esteticamente interessante, dentro do género, e tem um grupo de jogadores fabulosos. Este Mundial a Itália não se limitou a defender, e podemos ver que não fez a sua habitual sequência de 1-0 que a costuma caracterizar. Contra a Alemanha, depois de assegurar que as suas redes se mantinham invioláveis, a Itália foi quem mais procurou a vitória, acabando o jogo a jogar com 4 avançados: Gilardino, Del Piero, Iaquinta e Totti; e dois médios, Pilro e Gattuso. Poucas equipas vi meter em campo quatro jogadores ao mesmo tempo com estas características. Mas se podemos esperar que a Itália aposte na contenção, afinal a linhagem genética do seu futebol, já ficamos desiludidos por ver uma Argentina, sempre a minha segunda selecção, a defender um escasso 1-0 a quase meia hora do fim do jogo. Com essa atitude perdeu a Argentina e perdeu o futebol. Se vemos uma selecção que tem Messi, Crespo, Tevez, Saviola, Cruz, Aimar, e outros jogadores de apreciáveis características ofensivas a defender um resultado, percebemos que não vamos ver futebol de ataque em lado algum.
A Alemanha, por sua vez, foi uma boa surpresa. Tem algumas limitações de plantel, mas Klinsman conseguiu pôr a equipa a jogar o melhor futebol da Alemanha nos últimos 20 anos. Acabou aquele futebol mecânico e chato. Agora a Alemanha tem mais nervo e mais criatividade, e uma grande dupla de avançados, que não se comparam a aquilo que Klinsman foi, mas que são eficazes e complementares. Uma palavra também para o Brasil, que mais uma vez desiludiu. E digo mais uma vez porque, para mim o Brasil tem desiludido sempre, apesar dos títulos de 94 e 2002. O Brasil decidiu continentalizar o seu futebol e desde 94 que apostou no futebol calculista e expectante. Como resultou na altura, não mais deixou essa cautela que tão mal fica aos artistas que o Brasil tem. Nos últimos 25 anos o Brasil ganhou o Mundial em 94 e 2002, mas o Brasil que todos lembram com saudade é o de 82, o Brasil de Sócrates, Falcão, Zico, Cerezo e companhia. Isto é uma prova que a história não lembra só os vencedores, como muitos fazem questão de dizer para justificar as suas tácticas ultra defensivas. E que dizer desta França? Principalmente nós, que bebemos do seu cruel veneno. Vale-se da defesa e pouco se mexe em campo. 8 jogadores defensivos, e um Zidane para colocar a bola na velocidade de Henry ou Ribery. Uma França triste que está na final. E é isto que chateia. É que o futebol defensivo vai ganhando. O espectáculo que o Portugal-França nos proporcionou na quarta-feira foi enfadonho, chato, feio e triste. Principal culpa desta França que começou a perder tempo desde o seu golo à meia hora da primeira parte, e que se limitou a defender sem sequer espreitar o contra-ataque. Nem a Itália joga assim. E depois, a Itália tem estilo a defender. Não defende ao acaso nem à bruta. É antes um harmónico que compacta e estica harmoniosamente consoante as necessidades. Tivemos ainda uma República Checa e uma Suécia bastante abaixo do que já mostraram, uma Inglaterra com força e bons jogadores, mas também subvertida à lei defensiva trazida por Ericson de Itália, e uma Espanha que muito prometeu, mas que como sempre falhou. Resumindo, este Mundial foi o confirmar de um futebol que é cada vez mais calculista e defensivo. Com tantos talentos a despontar no futebol mundial, os jogadores que fazem do futebol uma festa, os treinadores preferem sacrificar o talento à certeza de um 0-0. É uma tendência que já se nota há uns anos também nos clubes, principalmente na Europa. É triste. Resta-nos os fugazes rasgos de génio de um C. Ronaldo, de um Deco, de um Messi, de um Ronaldinho, de um Quaresma, que indo contra a rigidez táctica dos treinadores ainda conseguem animar o jogo e dar um pouco de esperança a quem ama este espectáculo.

Quem tem um bigode assim só pode ser bom.


Tenho que fazer mea culpa por ainda não ter falado neles. Os Art Brut. Estes meninos já mereciam ser citados há muito, muito tempo. Ingleses, liderados pelo vocalista Eddie Argos, são das melhores coisinhas que apareceram nos tempos recentes. Além do rock directo, têm uma coisa que admiro bastante. Tanto nos seres humanos em geral, como nas bandas em particular. Não se levam muito a sério, tendo por isso letras que são um tratado à boa disposição. Canções como "Former a Band", que segundo a lenda foi escrita em cinco minutos, mal eles se conheceram. Neste delírio pop, Argos diz que querem escrever uma canção tão universal como o Parabéns a você e tocá-la oito semanas seguidas no Top of the Pops, além de ajudar Israel e Palestina a darem-se bem. Existe a conhecida "Emily Kane" onde fala da ex-namorada ou então "Rusted Guns of Milan", acerca da sua disfunção erectil. Além disso têm "Bang Bang Rock & Roll", "Good Weekend", "Moving to L.A." (versão acustica) ... Enfim, todas.


Tudo isto, pode ser encontrado num dos melhores albuns do ano passado, "Bang Bang Rock & Roll". Os Art Brut têm andado pela estrada a promovê-lo, dando, ao que tenho lido, concertos memoráveis (como podem ver pelas imagens). Pena não passarem por estes lados, visto que as duas fotos aguçam o apetite. (Tiradas do magnifico Brooklyn Vegan)


Para o fim deixo a letra de uma das minhas músicas preferidas. "My little brother". A quem já não aconteceu o mesmo?

My little brother just discovered Rock & Roll
My little brother just discovered Rock & Roll
My little brother just discovered Rock & Roll
There's a noise in his head, and he's out of control
And yes it frustrates
Let's let him make his own mistakes
See him on the dance floor go now
Boy those moves I just don't know how

My little brother just discovered Rock & Roll
My little brother just discovered Rock & Roll
My little brother just discovered Rock & Roll
He's only 22 and he's out of control

How's he living?
With all of that unforgiving
See him on the dance floor go now
Boy those moves I just don't know how

My little brother just discovered Rock & Roll
My little brother just discovered Rock & Roll
My little brother just discovered Rock & Roll
He's only 22 and he's out of control

He no longer listens to A-sides
He made me a tape of bootlegs and B-sides
And every song on that tape, every single song says
I want our parents to worry about us
All we ever want is our parents to worry about us
It's what anybody really wants

My little brother just discovered Rock & Roll
My little brother just discovered Rock & Roll
My little brother just discovered Rock & Roll
Stay off the Crack!

Porto Caribenho

Talvez devido à euforia reinante e justificada com a nossa Selecção, poucos ouvi a comentar o mais recente delírio do Presidente da Câmara da minha adorada cidade. Aquele a quem os tribunais ilibaram do epíteto de energúmeno deu um novo avanço na direcção da instauração do seu pequeno estado autoritário nesta bela cidade do norte de Portugal.
Primeiro cortou com as ajudas ás instituições culturais da cidade, como por exemplo à Seiva Trupe e a outras pequenas companhias de teatro. Comparem a relevância que tem hoje o Rivoli (quase nenhuma) com os tempos não muito longínquos em que o Rivoli mantinha cartazes muito apelativos, com espectáculos variados e dirigidos a todos os públicos. Também se apressou a abrir uma guerra ao FC Porto e aos seus negócios imobiliários, anunciando-se como uma alma imaculada e séria, vindo depois o seu executivo a ser associado a situações menos claras nos negócios dos terrenos do Bessa pertencentes ao seu Boavista. Depois, no primeiro assomo de ditador caribenho, propôs-se proibir cartazes de propaganda política ou partidária na cidade fora dos períodos de campanha. E agora chega-nos a última pérola deste animal político. O senhor Rui Rio teve a peregrina ideia de incluir uma cláusula nos contratos de atribuição de dinheiros públicos a instituições que impunha que estes se abstinham de proferir comentários críticos à Câmara Municipal do Porto e ao seu Presidente como condição para receberem o dinheiro.
Este senhor pretende, portanto, comprar o silêncio de mentes críticas com o dinheiro público. O facto de este ser um homem que lida mal com a liberdade de expressão e com o normal funcionamento de uma sociedade democrática já é por si só suficientemente grave. Mas o facto de usar dinheiros públicos para pagar silêncios, chantageando instituições de fins não lucrativos e de interesse público como a Fundação Eugénio de Andrade, torna este delírio autoritário numa afronta, não só aos Portuenses, mas a todos os Portugueses. Convidado a comentar para a comunicação social esta sua atitude, Rui Rio mostrou-se senhor da razão, dizendo ser uma atitude de bom senso e de cortesia institucional, que impõe o respeito da entidade financiada face ao seu financiador. Poderíamos lembrar, esquecendo todos os outros problemas inerentes à questão, que o dinheiro não é dele nem da Câmara. Instado a comentar o facto de não ter incluído esta clausula na recente atribuição de dinheiro a uma revista de divulgação cultural, Rui Rio disse que não queria que depois dissessem que ele estava a tentar controlar a comunicação social, mas que na sua opinião devia ter sido incluída a clausula na mesma.
Vejo estas notícias e não consigo acreditar que as coisas chegaram a este ponto. O Porto sempre foi uma cidade pró activa, independente, com alguma rebeldia, berço de grandes nomes das artes, das letras à música ou pintura, e acima de tudo um bastião de liberdade ao longo da nossa conturbada história. Neste momento é uma cidade cinzenta, acabrunhada, triste e sem movimento. Os artistas desesperam, os empresários fogem, os jovens são obrigados a procurar a sorte noutro lugar, e mesmo as pombas já voam para outros lados. O senhor Rui Rio não tem a culpa de tudo isto. Isso seria dar demasiada importância a um aprendiz de ditador que vai tentando sobreviver à custa de golpes baixos e da indiferença de uma cidade adormecida. Mas é impossível dissociar esta personagem de esta cidade cada vez mais moribunda. Não é este Porto que me habituei a admirar desde pequeno. Vá lá Portuenses! Acordem da letargia!

terça-feira, julho 04, 2006

4th of July - This guy connect the music to the state. Nice work.

Onde estavas no 9 de Julho de 2006?

Espero que Portugal seja campeão do mundo. Claro que o factor de nunca termos sido campeões europeus ou mundiais pesa. Mas não é o mais importante.
Estando a caminho dos trinta, uma frase que estou farto de ouvir é a mítica: “Onde você estava no 25 de Abril de 1974?”. No meu caso não tenho que puxar muito pela cabeça. Simples. Estava nos tomates do meu pai. E por lá me mantive a estagiar ainda uns anitos. Mas é triste ter que dar esta resposta. Ainda para mais quem normalmente tem o privilégio de responder são os grandes coveiros do regime, desculpem, grandes democratas do regime. Sempre com os coeficientes de bazófia no máximo, tentando demonstrar alguma humildade, tal e qual os avós ensinaram, penso que, seguindo os ensinamentos da bíblia. “Podes ser dotado, mas se não fores humilde, fica mal demonstrar isso perante os outros, visto haver uma probabilidade de ficarem inibidos e leva-te ao Inferno” – Jacob, versículo 10, linha 162. Mas já falei disso há uns tempos atrás e não me apetece voltar ao mesmo.
Claro que se formos campeões do mundo, essa frase vai passar a ter concorrência, ainda para mais no país da bola, fuga aos impostos, desrespeito pelo próximo e quem tem um olho é rei. “Onde estavas no 9 de Julho de 2006?”.
Aqui já vou poder responder com propriedade e não vou estar dependente do Zé Tolas do meu pai. Até, caso amanhã ganhemos, posso preparar o cenário convenientemente, ao contrário do pessoal da classe de ’74 que foram apanhados de surpresa. Preparar uma santola, comprar umas tostas, cervejas e arranjar uma amiga com gosto pela aventura.
Imaginam daqui a 50 anos, o meu neto, virar-se para mim e perguntar: “Avô onde estavas no 9 de Julho 2006, quando Portugal foi campeão de mundo?”. E eu, com os coeficientes de bazófia no máximo, sem nenhuma vergonha ou humildade. “Filho estava, e só após um mês é que soube, a fazer o teu pai. Nunca mais me esqueço. Minuto 90. Emoção ao rubro. Os preservativos tinham sido esquecidos. O objectivo era tirar antes de me vir. A tua avó de quatro porque ela sempre foi mais fanática do que eu, e o Cristiano Ronaldo, nesse momento, após passe fabuloso do Deco isola-se a meio do meio campo e começa-se a dirigir ao guarda redes italiano, que era na altura o melhor do mundo. Buffon. Ele a aumentar a pedalada para não ser alcançado e eu inconscientemente também. A tua avó já não corria, voava. Só me dizia “Apanha o Cristiano Ronaldo, apanha o Cristiano Ronaldo. Corre caralho, apanha o Cristiano Ronaldo.” E eu... Olha miúdo. Posso-te dizer que no minuto 90 aconteceu aquilo a que eu passei a chamar golo duplo. Só que com uma nuance. O Ronaldo quis marcar, e eu queria falhar."

domingo, julho 02, 2006

O melhor defesa central do mundo

Conheci o Zé, na Holanda, à uns anos atrás, quando estudavamos por lá. Quando cheguei ele já lá estava. Ajudou-me a integrar na sociedade holandesa, foi um companheiro de viagens e é um bom amigo. Pena nos encontrar-mos pouco devido aos diferentes rumos das nossas vida. Ele foi para os USA, voltou, foi de viagem durante um ano para a América do Sul, voltou, foi para a China uns meses e voltou novamente. Descobri hoje que tem um blogue. É favor visitá-lo aqui, e chatear-lhe a cabeça para partilhar a sua procura com a malta.

sábado, julho 01, 2006

A velhice é um posto




















A França ganhou categoricamente. Sem espinhas. O factor primordial para tamanha limpeza deveu-se, sobretudo, à classe do meio campo francês. Makélélé, Vieira e à frente destes dois senhores, Zinedine Zidane. Este individuo meio desconchavado, com corpo de elefante e trejeitos de bailarina demonstrou a Ronaldinho o porquê ser considerado o maior jogador dos últimos dez anos. As "coisas" que ele fez nestes noventa minutos, com a bola, devem ter feito o dentuça corar de vergonha, mas não só. Deu, a todos que disseram que estava acabado, e já não dava uma para a caixa, incluindo a minha pessoa, uma chapada de luva branca. Mostrou que não é preciso ir para os jornais pedir respeito ou andar sempre a mostrar o curriculum vitae. Basta ir para o campo e jogar. Demonstrar com brilhantismo, como o complicado, nos seus pés, se torna simples. Zidane está a lembrar a namorada da qual nos separámos e só demos o verdadeiro valor depois, quando já tinha arranjado outro. Azar. Mais dois jogos e este senhor vai-nos deixar. Com muito pena minha. Enquanto isso, o Ronaldinho é um gajo com muita sorte. Ainda vai ter direito a duas aulas extra-curriculares dadas pelo Professor. Espero é que na próxima ele se solidarize com o sindicato dos professores portugueses e faça greve. Não me importava.