quarta-feira, janeiro 18, 2006
Actor
Clausula Contratual
terça-feira, janeiro 17, 2006
Memória
No Domingo, num jantar de amigos, e quando procurávamos ver o resumo do recém acabado Porto – Boavista, paramos no Canal Memória. Realmente é um nome bem português este, Memória, bem ao jeito do nosso Sebastianismo, do nosso gosto pelo passado que quase hipoteca o nosso futuro. Melhor só mesmo se fosse o Canal Saudade, expoente máximo da nossa triste melancolia pelo passado. Mas avancemos ao que aqui me trouxe. Nesse dito canal passava a reposição do Parabéns, esse programa onde Herman José começava a dar largas ao seu egocentrismo, mas onde ainda talvez jorrassem as suas últimas veias criativas nos seus pequenos espaços de humor. Ficamos a ver por momentos a sua rábula cómica, que definitivamente não espelhava essa criatividade de que falei, e eis quando ouço uma piada alusiva à dupla política mais badalada do momento, às suas crises de amor e de ódio, ás suas birras, ás suas escaramuças bipolares cão/gato. Estou a falar como é lógico dos nossos antigos Primeiro Ministro e Presidente da República, respectivamente Aníbal Cavaco Silva e Mário Soares. E de repente aquilo pareceu tão actual. E de repente essa actualidade pareceu-me tão ridícula, tão triste, tão denunciadora da mediocridade dos nossos políticos, e em última instância da nossa sociedade. Em 15 anos a nossa sociedade não foi capaz de gerar políticos, personalidades, Homens, que sentissem o dever de dar a cara pelo nosso país, que se sentissem capazes de o fazer, ou que apenas sentissem que o deviam fazer. Em 15 anos vemos as mesmas caras nos partidos, mudando de pouso consoante o lado de onde o vento sopra, saltitando de cargo em cargo convenientemente. Em 15 anos, dois senhores que deviam repousar na nossa memória, nesse nosso canal pessoal, bem ou mal conforme o julgamento de cada um, voltam à ribalta pela falta de referências, pela falta de gente capaz na política. Mesmo os mais capazes, políticos ou não, afastam-se de um meio desgastado e onde as regras do jogo estão já viciadas.
Serve o que escrevo aqui, não para zurzir nos candidatos à presidência, nomeadamente nos dois referidos, nem para questionar a sua qualidade e boa vontade, mas antes para realçar a não renovação dos partidos e das instituições. Quando as notícias de hoje se confundem com as de há 15 anos atrás, algo não vai muito bem nesta república solarenga e aparentemente pacata.
sexta-feira, janeiro 13, 2006
Promessas, Promessas e ainda não vi nada
Maybe you should have a drink
Oh, it's rough
Oh well, my best friend
Well, it's rough
At times I lock myself up
Parabéns. Que continues por aqui, ou quiçã um dia, numa livraria perto de nós. Falta no entanto cumprires as promessas iniciais e pores, no tasco, polaroids tal como vieste ao mundo.
quinta-feira, janeiro 12, 2006
Correção
segunda-feira, janeiro 09, 2006
Ser do Porto
Ontem, num acordar de Domingo sempre difícil, ouvi de esguelha um programa qualquer que tentava chamar a atenção de uma sala desatenta, e acabei por ouvir uma frase que registei. Falava-se do Carlos do Carmo e do seu concerto na Casa da Música acompanhado a preceito por uma orquestra. A começar pela percepção musical, posso dizer que o fado acompanhado pela erudição das cordas nobres de uma orquestra soa bem e recomenda-se, e vem esta opinião de quem não é um grande fã de fado. Mas falava o Carlos do Carmo sobre a experiência de vir tocar ao Porto e à Casa da Música, e da expectativa que o concerto lhe causava, quando solta para o ar algo que um amigo lhe dissera:
“No Porto é assim: ou gostam ou não gostam. Se não gostam, escusas de cá voltar. Se gostam cuida-te, porque exigem!”
Acho que está aqui uma boa maneira de descrever a frontalidade das pessoas do Porto, aquela que muitos que a desconhecem ou não a compreendem gostam de, com muita facilidade, classificar de rudeza e má criação. Lembro-me de um amigo meu dos Açores, que adoptou o Porto como sua casa há já alguns anos, e que não se cansa de elogiar a nossa personalidade e a nossa forma de ser. E apesar de, ou talvez devido a, estar em Coimbra há uns tempos, e de deambular por outras paragens frequentemente, cada vez mais se sente com orgulho como um Portuense adoptado. Tal como eu, quanto mais viajo, emigro, vivo, sinto, quanto mais vejo, mais me orgulho da nossa cidade sincera e genuína e da nossa gente, que tão depressa é capaz de nos reprovar com um palavrão e uma chapada, como também é capaz de nos abraçar com o calor de um amigo e de não mais nos largar.
Dúvida com barbas
sexta-feira, janeiro 06, 2006
Queria 4 rolos de papel higiénico
Ando a ter visões
Loiras
quinta-feira, janeiro 05, 2006
Já se passaram cinco dias...
Centros decisão
quarta-feira, janeiro 04, 2006
A PTguesa
Será só a mim que me irrita profundamente? É que chega a meter-me nojo. Estou a falar do novo spot publicitário da PT, em que a uma data de imagens e frases gloriosas em relação à empresa são acompanhadas por uma banda sonora que nos é familiar, parece-se com algo, e por fim percebemos que é mesmo “A Portuguesa”, o nosso hino, numa versão a órgão de tubos ou lá o que raio de instrumento eles usam.
Em primeiro lugar, eu até nem sou um acérrimo defensor dos símbolos da pátria. Não dou um valor desmedido a essas coisas, apenas os respeito e penso que têm o seu lugar na nossa vida, um lugar ocasional e definido, presente mas discreto. Mas pergunto-me eu: não é ilegal utilizar o nosso hino em vão? Ainda para mais para motivos comerciais! E depois, é preciso lata da PT. Esta empresa que nos chupa até aos ossos com taxas, assinaturas, tarifas, passa a vida a ludibriar o consumidor, não permite a total e real liberalização dos mercados em que participa e dos quais detém o monopólio tal como lhe é exigido, e ainda nos vem com o hino como pano de fundo como que a gozar connosco. O que será que quer dizer com aquele spot de inspiração nacionalista? Será que já confundem a nossa pátria com a empresa? Será que querem dizer “nós somos a empresa mais importante de Portugal porque a nossa administração é constituída quase só por ex-ministros”, ou talvez “nós representamos Portugal porque todas as comunicações passam por nós. Até as comunicações dos nossos concorrentes passam por nós. As que nós deixamos…”. O anúncio é repugnante, quase tanto como a empresa que representa. Deve haver poucas empresas tão asquerosas como a PT.
O outro dia falava com um amigo que tentou instalar um serviço ADSL de um concorrente da PT, a Clix, que apresenta um preço mais baixo e com limites de tráfego mais razoáveis. Sem dúvida aliciante para o consumidor. Ele liga para activar o serviço e pergunta quanto tempo demorará a ter o serviço pronto a usar. Do outro lado respondem-lhe 6 a 8 semanas. Ele não se quer acreditar. É de facto muito tempo, principalmente se tivermos em conta que o da PT demora no máximo 5 dias. E então explicam-lhe que esse é o tempo que a PT demora a activar-lhes o serviço para os clientes Clix. Ou seja, para a PT demora 5 dias, mas para os concorrentes a PT atrasa o tempo de espera para ganhar vantagem competitiva. Que raio de liberalização é esta? O que andam a fazer as entidades responsáveis? Como é possível que isto se passe aqui num país da União Europeia com a conivência das entidades competentes e, em última instância, do governo? E este não é um caso isolado, mas apenas o último que ouvi. Disse-lhe também a senhora que esta situação estava em Tribunal Europeu. Mas é preciso algum Tribunal Europeu para ver que isto está errado e que devia ser punido severamente? É até uma vergonha para o nosso país que isto tenha que ir a Tribunal Europeu. É uma situação irregular tão óbvia! A PT lá vai pondo na administração ex-ministros ou potenciais futuros ministros pertencentes ás elites partidárias, e agora até do hino se apropriou. O que virá a seguir?
segunda-feira, janeiro 02, 2006
Na Mesma...
Choque após choque vou-me readaptando à vida por Portugal. Nem sempre é fácil. Há coisas que não mudam por aqui e que me irritam solenemente. Também há as boas. As que nos dão prazer que não mudem. Mas não me apetece falar dessas.
Hoje fui aos correios levantar uma encomenda e pude voltar ao emocionante contacto com a função pública em toda a sua ineficiência e redundância. Quando lá cheguei estava o senhor chefe da secção a receber uma batelada de encomendas, e outra senhora que se prontificou a vir ajudar os restantes: uma senhora e eu. Até aqui tudo bem. Tive que sair para levantar dinheiro, porque os correios não aceitam cartão, e quando voltei estava apenas uma senhora à minha frente. O senhor, imperturbável, processava as cerca de 20 encomendas. O processo incluía pesá-las, emitir os recibos, carimbar os duplicados, pôr cada um em cada montinho, e colar o original no pacote. Nem uma justificação a cada pessoa que entrava, um simples “peço desculpa mas terão que aguardar um bocado”, nada. A mulher que me tinha atendido antes viu-me, e perguntou-me se vinha buscar a encomenda, e à resposta afirmativa foi buscar o pacote, colocou-o perto do senhor das encomendas e disse-me que teria que esperar um bocadinho. A mulher, que me atendera antes, saiu do balcão e foi lá para trás fazer sabe-se lá o quê. Eu esperei, paciente, mas ao olhar para as encomendas pensava se o homem as iria processar todas antes de começar a atender as pessoas, e um nervoso miudinho começava a crescer em mim. Eu começava a bufar ao passar dos minutos. E mais um pacote. O nervoso miudinho crescia e era já um adolescente rebelde pronto a explodir, mas pensei que talvez fosse melhor deixá-lo atingir a moderação da maior idade, e controlei-me. Lá atrás diversos funcionários passeavam-se indiferentes à nossa espera. Não me contive, tive que falar. Olhei para trás para as pessoas que começavam a acumular-se sem que sequer uma justificação lhes fosse dada para a estúpida espera, e com um autêntico esforço para ser educado perguntei ao senhor: “Desculpe, mas não há aqui mais ninguém que nos possa atender?”. “Há, mas como o senhor tem que pagar para a levantar tenho que ser eu a tratar do assunto. É que aqui só eu mexo com o dinheiro”, disse o homem muito profissional. Mas e as outras pessoas atrás de mim? - pensei eu. E como que encorajados, outros clientes começaram a falar. “Mas olhe que eu é só para levantar. Não tenho que pagar nada! Não pode ser com aquela menina?” – disse apontando para a mulher que descaradamente estava sentada num posto de atendimento a fazer sei lá o quê. O homem respondeu “Pode! Se ela estiver disponível pode!”. Mas a mulher disse “Agora não que estou aqui a fazer um serviço”. E veio a boca mais de trás “Podiam então pôr aqui uns sofás e umas revistas para a gente se entreter”. A mulher nem pestanejou e continuou na sua nobre tarefa postal. O homem lá acabou a porcaria das encomendas e atendeu-me, e uns minutos antes apareceu outro homem de lá de trás que começou a despachar o serviço. A minha encomenda demorou 3 minutos a levantar.
Eu não tenho nada contra funcionários públicos, mas já tenho algumas coisas contra gente estúpida, mal-educada, ineficiente e arrogante. Aquela postura do género “não se metem connosco que nós é que mexemos com os papéis” é extremamente irritante. A falta de organização e o mau funcionamento destes estabelecimentos é desesperante. Tudo bem que o dinheiro seja tratado por um funcionário específico, mas devia haver um que o pudesse substituir na função. O atendimento ao cliente devia ser a prioridade, sempre! Se a mulher está a fazer alguma coisa devia pará-lo para atender os clientes que se amontoam à espera. Deve haver pelo menos um funcionário que esteja sempre disponível para o atendimento. Claro que a funcionar assim os funcionários arriscam-se a ouvir o que não querem. Estes serviços ineficientes nunca poderiam existir se houvesse uma gestão correcta dos serviços, onde os funcionários tivessem que prestar contas perante resultados. É injusto falar da função pública como por vezes se tem feito, apontando-a como o maior mal da nossa economia. Mas é bem verdade que todos estes serviços funcionam sob modelos gastos e ineficientes, e que os trabalhadores não mostram qualquer senso de produtividade e profissionalismo, encostando-se à estabilidade da sua situação profissional. É também interessante ver como as pessoas têm medo de reclamar. É científico: uma percentagem muito pequena de cidadãos reclama perante um problema na qualidade do serviço ou do produto. Quando lancei a discussão, as pessoas atrás de mim começaram também a dar largas ao seu descontentamento. O cliente tem direito a um serviço com qualidade e eficiente, e tem direito a reclamar se isso não acontecer. Se nós não exigirmos a qualidade, ela mais dificilmente nos será dada.
Enfim, desculpem este texto aborrecido, mas estas coisas irritam-me, e em parte é por este ciclo vicioso e constante de acontecimentos que as coisas estão como estão em Portugal. Falta de qualidade, falta de exigência, falta de avaliação, falta de bom senso, falta de educação, falta de respeito pelo próximo, falta …
Olá 2006, Aqui Vamos Nós !
Bem, meus caros amigos! Mais um ano que passou. 2005! Tanta coisa se passou neste ano, no mundo e na minha vida. Tantas aventuras, acontecimentos trágicos, momentos únicos, felizes. Enfim, a vida a correr na sua habitual forma aleatória e encadeada. Este foi, com muita pena minha, um ano em que a minha contribuição para o Blue Velvet foi bastante reduzida. Deveu-se isso a um facto incontornável da minha vida em 2005: a minha aventura além fronteiras de quase um ano. Tentei não deixar morrer o meu espaço neste blog, mas com uma regularidade confrangedora devo reconhecer. Mas estou de volta, e assim, neste próximo ano prometo aparecer aqui com mais frequência, dar as minhas alfinetadas, partilhar os meus pensamentos mais obscuros e absurdos, como cheguei a habituar estas páginas. Não vou fazer um balanço do ano em Portugal e no mundo, pois isso as mais variadas publicações de todos os géneros se encarregam de fazer. Não vou formular desejos para o futuro, pois gosto de aceitar o que a vida me dá, e se não gostar do que ela me deu, gosto de lutar por algo melhor, de fazer pela vida, alterar o curso do acontecimentos, e como tal não aceito o determinismo e o fatalismo. Por isso, futurologias vou deixar para os horóscopos. Vou apenas desejar-vos um bom 2006 como quem deseja uma boa noite no fim de um dia de trabalho, com simplicidade e sinceridade. Lembrem-se apenas que um bom 2006 depende muito de vocês, de todos, de cada um para si e para todos.