Blue Velvet

segunda-feira, novembro 21, 2005

O Cavalo de Tróia

O marketing é um mundo fascinante, onde a escolha de uma imagem para um produto é pensada e ponderada de maneira a que se adapte ao seu público alvo, ao seu uso. A imagem é cada vez mais grande parte do sucesso do produto, o que pode abarcar o nome, a forma, a cor, o símbolo, e por aí fora. E assim sendo fico espantado como algumas marcas conseguem escolher nomes que comprometem a imagem do produto à partida.
Aqui nos EUA existem uns preservativos cujo nome é Trojan. Qual a imagem que vos vem logo à cabeça na presença deste nome? Exacto, não procurem mais, é mesmo a Tróia antiga, dos bravos troianos que estoicamente se opuseram aos Gregos e a todos quantos os quiseram conquistar. A embalagem reluz mesmo uma silhueta de um desses guerreiros, confirmando a relação infeliz. E infeliz porquê? O que vos lembra Tróia? Os troianos eram bravos combatentes, mas Tróia acabou por cair segundo reza a lenda e a história. E caiu graças a uma artimanha bem conseguida que ficou famosa até hoje: o Cavalo de Tróia! Como sabem, os gregos fingiram-se rendidos à eficácia da defesa de Tróia, e como reconhecimento ofereceram um cavalo esculpido em madeira aos Troianos. Um cavalo infestado de gregos que esperavam a calmia da noite para penetrarem na cidade à vontade e desvirginá-la à força da espada. Pela calada, de noite, o grupo de Gregos escapou-se do cavalo, abriu sorrateiramente os portões da cidade, e todo o exército Grego pode finalmente entrar por Tróia dentro, violando a sua defesa estanque. Desculpem a curta aula de história, mas raios!... Será esta uma imagem que se quer associar a um preservativo? Compará-lo a um Cavalo de Tróia! Eu pelo menos quando uso um preservativo não quero que os meus gregos se escapem pela calada, abandonando o Cavalo de Tróia impunemente, correndo pela fértil Tróia sem restrições, até assaltarem o palácio principal e ser a morte do artista. Cavalo de Tróia, símbolo da traição, da vitória sobre os intransponíveis troianos, uma imagem um pouco falível quando falamos de preservativos, onde queremos resistência, durabilidade, fiabilidade. E para mostrar o que digo dou o exemplo da Durex. Não é este um nome muito mais feliz para associar a um preservativo? Tudo bem… Talvez um pouco directo de mais e com nome de empresa de plásticos, mas muito mais de confiança. Temos o outro lado da questão. Talvez Durex se associe a dureza, algo rude, insensível, bruto. Ou seja, algo que de tão duro e intransponível não deixa nem passar o calor, o fluir dos sentimentos pelas milhares de células nervosas ultra sensíveis existentes nas imediações. Mas que se lixe! Pelo menos não era por ali que Tróia perdia a guerra!

domingo, novembro 20, 2005

Filmes Atómicos

Para este fim de semana deixo-vos aqui um site com filmes de vários géneros muito interessante. Com filmes variados disponíveis para qualquer utilizador a variedade é imensa no Atom Films. Talvez a melhor variedade seja a dos filmes de animação, onde aconselho vivamente “Confessions of an Animation”, onde é feita uma espécie de documentário sobre desenhos animados onde lhes é perguntado se gostam de sua condição de desenho animado, e de onde surgem as mais variadas dúvidas existenciais. Temos também pequenos filmes da Aardman, essa genial produtora de animação, onde destaco o genial e premiado “Creature Comforts” onde é feito um documentário sobre os animais de um jardim zoológico, ou a série do "Angry Kid". Podem também escolher outros géneros, como Extreme, Comedy, Action, Drama, Twisted. Dentro da categoria Extreme podem ver os sádicos e violentos desenhos animados Happy Tree Friends, onde uns bonecos adoráveis acabavam invariavelmente mutilados, trucidados, esmagados, ou perfurados com muito sangue à mistura. Também no Extreme podem ver o "Timmy’s Wish", onde religião e violência andam de mãos dadas. Deixo aqui só a sugestão para estes filmes, e aconselho a que naveguem ao vosso gosto, porque não faltam filmes inventivos e interessantes para ver, pequenas curtas-metragens que nos são postas à disposição sem pagar, o que é raro hoje em dia. Como é lógico eu não pude nem quis ver todos, por isso naveguem, divirtam-se, e deixem aqui sugestões de filmes que tenham gostado.

Link

terça-feira, novembro 15, 2005

No U Turn ?

Tenho a sensação que, no momento em que escolhi pela primeira vez abarcar uma experiência além fronteiras alarguei os meus horizontes, ao mesmo tempo que fui fechando o mercado de trabalho para mim no meu próprio país. Neste momento estou na minha segunda experiência no estrangeiro, e essa sensação é mais forte que nunca.

Há dois motivos que me fazem cada vez mais pensar em continuar a minha carreira fora de Portugal. A primeira, e a que menos interessa para o propósito deste texto, é o bichinho que nos fica, não a todos, mas a grande parte, aqueles disponíveis mentalmente para abraçar outras culturas e conhecer outros locais, a semente que plantamos dentro de nós e que lança raízes que se espalham pelo mundo. Na era da globalização, a nossa casa é a Europa, o Mundo. E é esse o nosso espaço. Para progredirmos, para compreendermos o mundo, os povos, e a partir daí, as empresas, as organizações, as culturas, os hábitos, temos que nos globalizar a nós também. Conhecer os outros, interagir, comunicar, dar e receber. Se nos mantivermos fechados no nosso rectângulo cada vez menos verde do sudoeste da Europa, vamos manter-nos longe do mundo, isolados, tristemente sós. Quando olho para a empresa em que trabalhei anteriormente em Portugal, e vejo que nenhum dos seus directores e quase nenhum colaborador sabia falar outra língua que não o Português, e que as suas experiências extra muros se reduziam a uma qualquer excursão aérea a uma praia brasileira, percebo a pequenez das suas cabeças, o seu espírito mesquinho e pequenino. E isso leva-me à segunda razão de perspectivar a minha carreira fora de Portugal. Se quando trabalhava nessa empresa de espírito pequeno e guiada pela eterna ignorância já pensava “tenho que sair daqui o mais rápido possível”, agora que experimentei um outro nível de trabalho como posso eu aguentar a estupidez, a falta de profissionalismo, o conluio, a exploração e a tacanhice de pensamento? Não que eu seja mais que os outros por ter trabalhado fora de Portugal, nem que todas as empresas sejam assim. Mas todos sabemos que não é à toa que Portugal está como está. Foi preciso muita gente empenhada em ser estúpida para chegarmos onde estamos. Sucessivos governos desleixados, sem vontade de mudar, de governar na verdadeira acessão da palavra, a que concerne à acção associada e não à poltrona de S. Bento. Empresários sem noção de empresa, sem espírito de aventura e de iniciativa, sem ambição de independência e de progressão, eternamente dependentes do estado e de todas as migalhas disponíveis. Gente pequena, sem respeito pelo próximo ou pelo país em que vive. Eu não me revejo nesta atitude. Quero mais para mim, e a para o meu país que apesar de me afugentar eu tanto gosto. Gostava de ajudar a mudar. Mas isto é como os tóxico-dependentes. Só podem ser ajudados se estiverem na disposição de mudar. Como posso eu ajudar a mudar alguma coisa, se quem manda quer que tudo continue exactamente na mesma, e se por vezes nem sequer reconhece que é preciso mudar? Será razoável que o estado português pague bolsas para estágios e doutoramentos no estrangeiro, e depois não faça um esforço por recuperar esse investimento, que não crie condições para que esses portugueses ultra qualificados possam desenvolver o seu trabalho em Portugal? A grande maioria dos portugueses que vão tirar doutoramentos para fora de Portugal acaba por ficar lá a desenvolver o seu trabalho. Será razoável também que o tecido industrial não absorva estes portugueses qualificados, continue a explorar recém licenciados e o Estado com os estágios profissionais, e nem sequer aposte na qualificação dos seus profissionais? Hoje perguntaram-me aqui se pensava continuar a trabalhar nesta área em que me encontro a trabalhar quando voltasse. Sorri e expliquei que não há em Portugal uma empresa que faça o que esta faz. Que haverá um mercado possível mas muito pequeno noutras áreas para onde posso capitalizar esta minha experiência, mas que se quiser mesmo continuar a trabalhar nisto tenho mesmo que voltar a sair de Portugal, talvez para o Norte da Europa. Ou para os EUA outra vez disse-me ele. Bem… mas a realização profissional não justifica tudo, e a qualidade de vida faz-se do equilíbrio entre diversas vertentes da nossa vida que não podem ser descompensadas. Por isso essa hipótese está posta de lado. Mas a minha inquietação não é ter que sair de Portugal por mais uns tempos, até poder voltar com experiência suficiente para poder lutar contra a estagnação. É ver as pessoas com pouca vontade de evoluir, de lutar por uma vida melhor, pelo seu próprio sucesso, em vez de esperarem eternamente que os governos resolvam os seus problemas. O Estado tem muitos defeitos, mas não pode ser responsável pela felicidade de 10.000.000 de pessoas. Quem quer que as coisas mudem, que comece a partir pedra e a lutar contra a vulgaridade vigente. Que arregace as mangas e trabalhe com força e vontade. Que sonhe alto, e pense como tornar o sonho realidade. Que aprenda com os melhores, e não tenha o medo tacanho de abrir as portas aos mercados e empresas estrangeiras. Que aprenda a organizar-se juntamente com os seus pares, não para pedir ajudas do Estado, mas para financiar a inovação do sector. Portugal é um país pequeno, e apenas unido conseguirá voar alto. O sector do vinho é um sector que me atrai, e no qual gostaria de trabalhar no futuro. Ao olhar para os nossos vinhos vejo os melhores vinhos que já bebi. Mas também vejo produção semi artesanal em grande parte das explorações, pouca tecnologia, produção escassa para a procura, fraquíssima exploração do marketing do vinho nacional, e quase nenhuma penetração nos mercados externos. Exceptuo, claro, honrosas excepções de quem soube abrir o seu próprio caminho. De quem é a culpa? Do governo? Como é possível que não haja um forte e desenvolvido instituto de investigação relacionado só com o vinho, um dos nossos produtos mais fortes e com maior valor comercial em potência? Um instituto que acolha por exemplo os tais doutorados, e que desenvolva os processos de produção, de enriquecimento do vinho, que torne os processos mais eficazes e mais baratos. Um instituto privado, das empresas, e para as empresas, com projectos comuns de que todos beneficiem, e projectos específicos encomendados por empresas individualmente Quem tem que fazer isto? O governo? Não serão as empresas interessadas que deverão mover esforços nesse sentido? A investigação é muito cara para empresas da dimensão das portuguesas. Porque não estas se associarem nesta iniciativa, e não digo que não com um patrocínio do Estado, minoritário e quase simbólico. Mas a iniciativa teria que partir das empresas. Se muito empresários sonhassem como é feito o vinho aqui na Califórnia, como os processos são controlados ao mais ínfimo pormenor, sentiam-se verdadeiros artesãos em vias de extinção. Se visitassem a Universidade de Davies no Napa Valley, a zona de eleição do vinho da Califórnia, ficavam boquiabertos de espanto. Mas em vez disso contentam-se com aquilo que têm, nem se importando com o crescimento do mercado do vinho em países como os EUA ou a Austrália, minas a explorar pelas empresas. Acho que perdi o norte desta minha intervenção, e me alonguei na extensão e no conteúdo. Mas não retiro uma vírgula a aquilo que disse. Deixo só o link para o editorial do Público de ontem, onde se fala dos modelos sociais, e das diferenças entre os países do norte e do sul, e que tem relação com o que aqui escrevi.

Bill Maher - Inconveniente e Polémico

O segundo comediante de que falo aqui é Bill Maher. Tal como Jon Stewart, Bill Maher é bastante inteligente e politicamente bem formado. No entanto, Maher é algo mais controverso do que Stewart. Jon Stewart é incómodo mas subtil. Apesar de tudo é respeitado pelas mais altas classes políticas, talvez pela sua eloquente retórica. Maher é considerado, e já agora assumido, liberal e libertino. Evidencia-se mais pelo estilo polémico e provocador, com uma postura cínica e inconveniente. O seu programa, Real Time with Bill Maher, passa na HBO, um talk show que reúne em geral conhecidos convidados de várias esferas. Maher não tem no seu programa as mais altas patentes da política, mas vai lá muita gente importante e conhecida. Em geral, depois do “stand up” inicial sobre a actualidade, como qualquer bom “talk show host”, Maher entrevista personalidades relacionadas com temas da semana. Lembro-me de um programa em que entrevistou o chefe da polícia do Mississipi, e ex chefe da polícia do Louisiana, sobre o espancamento de um cidadão que estava a ser preso em New Orleans após o Katrina. Maher disse-lhe das boas, e expôs muitas das coisas que eu penso sobre a polícia nos EUA, levando o chefe da polícia a concordar com muitas acusações. Depois, apresenta 3 convidados com os quais conversa sobre os temas da semana. Pelo meio tem pequenas rubricas cómicas, como a “New Rules”. Bill Maher é também de New Jersey e começou a carreira com comediante de “stand up”. O seu programa mais conhecido é o Politacally Incorrect que passava na ABC, e que terminou pouco tempo depois de mais uma afirmação polémica de Maher, em que disse que os terroristas do 9/11 não eram assassinos cobardes porque vieram aos EUA atacar e mantiveram-se nos aviões até ao impacto, e reforçou que covarde é varrer cidades com bombas a 5000 km de distância carregando num botão. A FedEx e a Sears retiraram imediatamente a publicidade durante o programa, e 17 estações locais da ABC cancelaram a emissão do show, que ainda se aguentou por uns meses até o seu contrato não ser renovado pela ABC. Digamos que é uma afirmação pouco feliz, especialmente se tivermos em conta que foi proferida 6 dias depois dos atentados, mas é mais uma forma de marcar uma posição pela força e pelo choque. É o seu estilo. Já vi também um espectáculo de stand up em que Maher está no seu melhor, dizimando em hora e meia toda a hipocrisia Americana, toda a política externa, a falsa moral, e o que mais possam imaginar. Há dois espectáculos dele em DVD que podem tentar ver se quiserem dar uma olhadela. Para já deixo-vos um aperitivo com um vídeo retirado do seu programa “Real Time”, onde faz uma brilhante dissertação sobre o “evil”…


Para saberem mais coisas sobre Bill Maher:

- Visão completa sobre Bill Maher
- Outra visão de Bill Maher

segunda-feira, novembro 14, 2005

Jon Stewart - Intelectual Engraçado ou Comediante Inteligente

Já que falei deles na crónica anterior, vou falar um pouco mais a fundo sobre os três comediantes e agitadores políticos que mencionei. E começo pelo Jon Stewart. Jon Stewart, originário de Nova York, mais concretamente de New Jersey, é o conhecido apresentador e escritor de muito do material do corrosivo The Daily Show. Para além de ser engraçado, Jon Stewart é extremamente inteligente, e com perspicaz visão política. Entrevista conhecidos políticos, e consegue esgrimir-se de argumentos com eles com subtileza e acutilância, nunca perdendo o norte e a coerência. Já assisti várias vezes Jon Stewart a encostar políticos à parede com argumentos políticos válidos, desarmando-os dos argumentos retóricos e políticos vazios de substância que normalmente apresentam. O Daily Show é inteligente, mordaz, objectivo, subversivo e uma batalha diária á ignorância. Faz-nos rir, e reflectir seriamente sobre assuntos políticos importantes. Para mostrar como Jon Stewart é muito mais que um comediante e escritor cómico, deixo-vos o link para a sua já histórica aparição no programa político Crossfire da CNN. O Crossfire tem dois entrevistadores, um mais identificado com os democratas e outro com os republicanos, e Jon Stewart foi ao programa literalmente para partir a louça toda. Pegou-se com os apresentadores, principalmente com o republicano, e… Bem, o melhor é verem porque vale a pena. Coincidência ou não, o programa acabou uns meses depois, em Janeiro de 2005.


Mais alguns links:

- Outro video da sua aparição no Crossfire, com menos resolução e mais simples de visualizar
- O site não oficial do Jon Stewart
- A transcrição da entrevista ao Crossfire
- Bom artigo do britânico Guardian sobre Jon Stewart.

Flexões, Reflexões e Opiniões

Durante a última semana houve eleições no estado da Califórnia. Estavam em causa a nível estadual 8 propostas do Terminador, aliás, do Governador, que tinham a ver com algumas propostas de alteração a leis estaduais. Era, portanto, um referendo. Muito genericamente, algumas tinham a ver com os direitos dos funcionários públicos, outro tinha a ver com o aborto em jovens menores em caso de violação e com a respectiva informação e autorização dos pais, outra com os professores, e por aí fora. Depois, no condado de San Diego havia a eleição do Mayor, o maior cá do sítio. O lugar de Mayor em San Diego não tem aquecido com os seus ocupantes. Aqui há meses, só numa semana 3 Mayors diferentes ocuparam o cargo. Escândalos de corrupção, tráficos de influências, promiscuidade com imobiliárias. Enfim, como podem ver o nosso cantinho da Europa não sofre de males únicos. Trafulhice há em todo o lado. É que nós gostamos muito das frases tipo “isto só aqui!...”, e por aí fora. Mas adiante…

O método de eleições é muito diferente do nosso. Não há um dia específico para a eleição, mas antes esta ocorre durante uma semana. Os eleitores, se estiverem para se chatear, vão ás bibliotecas públicas, à direcção geral de viação, ou a outros organismos públicos, recolher o seu boletim de voto. Podem depois entregar o boletim de voto quando e onde quiserem, até à data limite. O período alargado de voto até poderia ser positivo, dando mais tempo para votar. Mas quanto a mim, retira a espécie de solenidade nacional que o acto em geral encerra por exemplo em Portugal, e em que uma pessoa se sente positivamente levada a votar.

Na noite final da votação vi finalmente cobertura televisiva das eleições. Eu não devoro televisão, mas ela anda ligada lá para casa, e vejo de esguelha muitos noticiários, e nunca vi grandes notícias sobre as campanhas e as eleições. Ao ver os resultados pude ver que nenhuma das propostas do Governador Conan o Bárbaro passou, e qual era o novo Mayor aqui de San Diego. Mas o que me chamou mais a atenção foram os números da votação. Em San Diego, para eleger o Mayor, se não me engano votaram cerca de 300.000 pessoas no total, e o condado de San Diego é enorme e muito povoado, cerca de 3.000.000 em todo o condado, sendo San Diego a segunda maior cidade da Califórnia. Ou seja, uma abstenção enorme. Também é curioso verificar que as matérias levadas a referendo tiveram o dobro da adesão. Isto são números baseados naquilo que vi na televisão e na net. Mas qualquer que seja o modo de contar os votos e os votantes, parecem-me números muito baixos.

Nos EUA parece-me que interessa manter o manter povo desinteressado, sem provocar grandes ondas, sem pôr grandes questões, e governar tranquilamente. Claro que nas presidenciais há que mobilizar o povo, mas mesmo assim há uma franja enorme da população que nem sequer está registada, especialmente população pobre e desfavorecida. E depois claro que a contagem da abstenção até é baixa, mesmo que 60% dos americanos não tenham ido votar, porque as percentagens são contabilizadas entre eleitores registados. Mas se virmos a forma como a informação é tratado nos Estados Unidos, como as pessoas (não) são informadas, percebemos a visão distorcida do mundo que grande parte dos americanos tem. Sei que já falei dele aqui, mas aconselho de novo a que leiam Noam Chomsky, um brilhante e ímpar pensador americano, especialista em linguística e comunicação, e em política norte americana. É um fervoroso crítico das políticas externas americanas, e fala disto que eu estou a dizer, do adormecimento da população, da falsa democracia que aqui se vive, da privação de informação e da distorção de factos e acontecimentos. Mais uma vez digo que aqui se vive uma ditadura silenciosa. As pessoas são mantidas na linha, pela indução da estupidez e ignorância, e por alguma repressão, que passa por uma força policial violenta e irascível, uns serviços de segurança e serviços secretos omnipresentes, e pela indução do medo nas pessoas. Ou seja, se as pessoas estiverem com medo, dos terroristas, da violência urbana, ou seja do que for, aceitam muito mais facilmente medidas extremas que possam supostamente melhorar a sua segurança, mas que no fundo estão a privar o comum cidadão do seu livre arbítrio e da sua privacidade. A verdade é que San Diego é uma cidade pacata e tranquila, com imensa gente sorridente, prestável e simpática. Mas é tudo demasiado artificial. As pessoas parecem ter medo de serem inconvenientes, antipáticas, de levantarem questões. E se levanto eu uma questão complexa, sou olhado com perplexidade, como se tivesse violado o pacto de não agressão vigente. Rola tudo numa paz podre, numa fantasia que me faz lembrar aqueles filmes com personagens estranhas e bizarras de um David Lynch, ou então o povo adormecido pelo Soma do Admirável Mundo Novo do Aldous Huxley. Assim, não me admira que ninguém vá votar, que ninguém se interesse pelos políticos, ou pelos destinos da sua comunidade, e prefira babar em frente a uma televisão que destila entretenimento fácil e barato e volta e meia as notícias do bairro. Também não me admira que os políticos não se importem muito com isso. E não me admira que permitam a existência de cómicos e artistas ultra críticos do seu próprio país e governo, ainda que estes critiquem o governo e os políticos com uma violência que muitas vezes como não vê na Europa, e mais concretamente em Portugal. E permitem porque a mensagem não chega a todos, atingindo apenas uma pequena franja de iluminados que: 1- têm acesso ao canal; 2- tendo acesso ao canal, têm interesse em ver; 3- têm a mínima preparação intelectual e cultural para perceberem metade daquilo que é dito. Ou seja, talvez um terço da população das grandes cidades dos litorais americanos, e mais umas migalhas espalhadas pelo resto do país. Dentro desses artistas destaco o óbvio Jon Stewart, o cínico e incisivo Bill Maher, ou o irascível e rebelde George Carlin. Podia falar de muitos mais, mas acho que estes três são uma boa amostra. Todos estes senhores primam pelo constante ataque ás políticas americanas, à hipocrisia que aqui se vive, ás contradições, a ridicularizar chavões americanos e a dar uma visão mais plural sobre a América e o mundo. Claro que, ainda assim, estes senhores passam apenas em canais de cabo, que ao contrário do que possam pensar chegam apenas a uma pequena percentagem de americanos. E assim se governa sem grandes tumultos sociais um país do tamanho de um continente. Fala-se ás vezes sobre África na velha metáfora de que se deveria dar a cana e ensinar a pescar, em vez de dar de comer. Nos Estados Unidos ensinam o povo a pescar, mas só sardinha, e ao mesmo tempo dão de comer hamburguers, tacos e burritos até empanturrar, e ninguém sabe que existe robalo ou cherne. E é assim que a maior parte acaba obeso de hamburguers, deixa de se interessar por pescar sardinha, e nunca há-de querer cherne ou robalo porque não sabe que existe, não sabe ao que sabe, nem como se parece. É uma metáfora demasiado elaborada para chegar a ser feliz, mas acho que me fiz entender…

sábado, novembro 12, 2005

Chamem o Darwin Faz o Favor

E cá vos deixo eu mais uma pérola desta América, palco de bizarrias, freaks, espectáculo, ignorância, hipocrisia e fantasia. Não sei se os nossos leitores estão familiarizados com uma já mítica personalidade Norte Americana: Pat Robertson. Este senhor, o Reverendo Pat Robertson, é um evangelizador televisivo, um daqueles pregadores a 50 Mhz que difundem a palavra de Jesus via satélite para os lares americanos. Bem, isso de difundir a palavra de Jesus é muito discutível, porque o que este senhor ultra conservador faz é difundir a sua própria palavra aproveitando-se da doutrina cristã e das palavras de um senhor, que coitado, já falecido nem se pode defender de quem usurpa as suas palavras e de quem fala em seu nome sem procuração. Também não sei se sabem, mas em alguns estados, e não são poucos, o evolucionismo não é ensinado nas escolas, ou é ensinado em posição de inferioridade perante o criacionismo (a democracia a vir ao de cima). Já não é novidade a promiscuidade entre estado e religião nos EUA, especialmente induzido pelos conservadores republicanos. Ontem Pat Robertson foi notícia. Ora, este senhor, dirigindo-se aos cidadãos de uma povoação rural americana que se tinha oposto aos directores de uma escola que favorecia o ensino do evolucionismo, disse que um desastre poderá atingir a vila por eles terem votado Deus para fora da cidade. Disse também que em situações de aflição não chamem por Deus, que ele não corresponderá a quem o renegou. Chamem por Darwin, diz ele. É este o país que dita, ou tenta ditar, leis por esse mundo fora. Triste sina a nossa.


A notícia:

VIRGINIA BEACH, Va. (AP) -- Religious broadcaster Pat Robertson warned residents of a rural Pennsylvania town Thursday that disaster may strike there because they ''voted God out of your city'' by ousting school board members who favored teaching intelligent design.

in New York Times, 11 de Novembro 2005


Se quiserem ler mais umas frases espirituosas deste senhor, podem ir a um site onde está seleccionado o top 10 das suas frases mais estapafúrdias. Autênticas pérolas, como a incitação ao assassínio do Presidente da Venezuela Hugo Chavez.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Album do Ano...



E não se fala mais nisso. Quem duvidar que esteja muito caladinho, meta o rabinho entre as pernas porque se arrisca a correr risco de graves agressões físicas. Para o ano outros terão hipóteses... Isto é, se ele não resolver fazer, sei lá, o Wisconsin ou o Flórida ou o Washington ou o Kansas...

Momento Marcelo Rebelo Sousa dedicado ao musicol

- Os Clap your hands and say yeah lançaram um album com o mesmo nome. Pop muita engraçada com um vocalista de voz extremamente peculiar. Por vezes muito parecida com o David Byrne e a mostrar que toda a gente por mais desafinada que seja pode cantar, editar um album e quiçá ser estrela rock. Gosto bastante. Principalmente pelo vocalista (quando era miudo sonhei ser estrela rock).
- Os Lightning Bolt lançaram o album "Hipermagic Mountain". Bom album a merecer uma maior atenção.
- Acreditam que nunca tinha ouvido o "Moon Pix" da Cat Power até à duas semanas atrás? Será que ainda tenho salvação?
- Os Franz Ferdinad continuam os mesmos. Muito "arty", com a técnica da pouca estruturação de canções como os System of a Down, mas para o leve. É impossivel não dançar e ser contagiado ao ouvi-los mas não sei, não me encantam. Devo ter algum problemo psicológico com os escoceses.
- Magic Numbers lançaram album com o mesmo nome. Não sendo a Catarina Furtado, cantam e encantam. Pop-folk deliciosa.
- Sigur Ros têm Takk. Viró disco e toca o mesmo, mas alguns merecem ser mais virados que outros. Eles dão um deles.
- Entratanto devido à admiração que tenho pelo artista e a sua guitarra, tive atenção a Jolie Holland com "Escondida" e o Devendra Banhart com "Cripple Crown". Se a primeira é uma folk mais virada para o jazz o segundo segue o trilho (ah...pareço crítico jornalistico) dos albuns anteriores. Penso que sendo um bom album peca pelo tamanho do mesmo, existindo ali algumas música para encher chouriços.
- Prosi aconselho-te os The Clientele com "Starange Geometry" com a sua pop calma, terna e subtil. Vais gostar de certezinha absoluta.
- Entretanto tenho em meu poder mp3 e video dos Arcade Fire com o David Bowie a cantarem todos juntos o "Wake Up". Se alguém quiser é deixar mensagem ponho num site qualquer tipo Usendit para ficarem com a preciosidade, se bem que o David Bowie parece que anda a dar no Botox. Mas pronto, isso são pormenores.

-Entretanto para a semana falo dos My Mourning Jacket, Fiona Apple, The Go!Team, Kanye West, Ry Cooder, Wolf Parade, Animal Collective e The New Pornographers.

O mal já feito

Depois em vez de lhe ir buscar os palitos, põe-lhe mas é os palitos. Mas nada de grave, não é? O país precisa de pessoas preocupadas com o ambiente e de ser reflorestado. Além dos mais como é do saber popular: "Um homem sem cornos é como um jardim sem flores." . A mamã depois faz a comidinha e lava a roupa ao menino enquanto ele vai ao psicólogo tratar das crises de meia idade.

Óh querida vai-me buscar os palitos

Ontem recebi um mail de uma colega de trabalho com um power point de título: "Anti- Stress para ambos os sexos". Tinha dois capítulos, a parte dos homens ou lésbicas e a parte das mulheres. Na parte dos homens ou lésbicas os anti stressantes eram fotografias com matronas voluptuosas que concerteza iam pôr qualquer homem ou lésbica com um valente sorriso na cara. Na parte das mulheres tinha fotografias de tábuas de engomar, aspiradores e demais tecnologias da casa. Eu sei que isto é uma brincadeira sem mal algum, mas penso que existem demasiadas brincadeiras sempre à volta do mesmo assunto e muitas potenciadas pelas próprias mulheres.
Um dia, já casados, sentados à mesa a almoçar quando ele se virar para ela e lhe pedir para ir buscar os palitos ela vai ficar fodida e vai-lhe dizer porque ele não se levanta? Com o mesmo sorriso inocente com que se riu dos power points, das piadas, dos carinhos da mamã que lhe fazia as vontades todas ele levantar-se-á para os ir buscar, mas sem compreender bem o porquê de tanta irritação. O mal já está feito.

Be it a rock or a grain of sand, in water they sink as the same



Dae-su Oh: Who the hell are you?
Woo-jin Lee: Me? I'm a sort of scholar. And my major is you. A scholar studying Dae-su Oh; an expert on Dae-su Oh.


Imaginem que eram presos num pequeno quarto com apenas uma televisão, e que lá ficavam durante 15 anos sem saberem o porquê.
Esta é a história resumida de Oldboy, um filme já com dois anos e que só agora tive a oportunidade de ver. Estamos na presença de um grande filme, maravilhosamente atrofiado, violento e amoroso nada aconselhado a mentes sensíveis. E aquele fim, aquele fim... Já não via algo tão surpreendente desde os Cães Danados ou do Pulp Fiction. Se nunca viram, não percam mais tempo e aproveitem o fim de semana para verem esta obra prima o quanto antes.

A noite está quente



Olhando para os tumultos que se passam em França, penso que se estão a levantar falsas justificações para o que se está a passar.
Quanto a mim à que ter em conta vários factores. O povo magrebino está habituado a tempos secos e quentes dando-se mal com o frio que alastra por toda a Europa nesta altura do ano. Outro aspecto, de não menos importância, é a grande qualidade da castanha este ano. Muito boa em qualidade, mas em muito pouca quantidade, o que tem feito disparar os preços para a estratosfera. Para que numa noite uma pessoa fique satisfeita com as ditas são necessários pelo menos dois quilos. E para isso é necessário trabalhar num qualquer organismo público ou então ser gestor do Credit Lyonnais. Penso eu que a junção destes dois factores associado a outros menores como a reivindicação da instalação de de lareiras nos balieuxs por parte da Associassion Nacionale por la Construction des Lareiras dans Balieux, a dita ANCLB levou a que grande parte da população tomasse certas atitudes. Se não existem lareiras em casa para fazer umas brasas e assar umas castanhas, à que faze-las cá fora. Também por uma questão de tradição. Afinal o magusto deve ser celebrado na rua acompanhado por jerupiga e saltos na fogueira. Eles não têm culpa de serem grandes atletas e saltarem quase tanto como o Javier SottoMayor. Pode-se pôr a questão dos carros queimados, mas é preciso lembrar que pelos lados gauleses a madeira está pela hora da morte, afinal não existiram os fogos que por cá já são quase uma banalidade e fizeram descer fortemente o preço da madeira. Ao contrário de cá, a França é a nação da Citroen e da Peugeot. Eles queimam o que lá existe mais, carros. Se olharem com atenção eles até estão a dar uma grande lição de patriotismo e de compreensão dos deveres de um cidadão perante o estado. Quantos mais carros queimarem, mais carros terão que ser construidos e, ou muito me engano ou estão a dinamizar a industria automóvel e a melhorar o parque automóvel francês, visto queimarem o velho. Se isto não é uma população integrada no país de acolhimento com a devida noção de deveres e direitos eu vou ali a já venho...

terça-feira, novembro 08, 2005

Cá Se Fazem, Cá Se Pagam

"Criminoso de guerra nazi morre na Grã-Bretanha. Anthony Sawoniuk, o único criminoso de guerra nazi condenado na Grã-Bretanha, morreu ontem na cadeia de Norwich, onde cumpria duas penas de prisão perpétua."

in Público, 08/11/2005

Falta-lhe então cumprir uma…

Será razoável continuar a deliberar tais sentenças? Será que o sistema penal inglês contempla a ressuscitação ou a reincarnação? E se tal for, terá a polícia inglesa agentes especiais capazes de detectar o velho nazi numa alegre criança algures no globo terrestre? Eu até sou a favor do acumular de penas, o que não acontece em Portugal, onde é a mesma coisa matar uma pessoa ou 30, recebendo-se a feliz quantia de 25 anos, a pena máxima. Convenhamos que com a esperança de vida pelos 75 anos, 25 anos assim de repente nem parece um castigo muito severo. Assim, bem planeadas as coisas, matamos entre os 20 e os 25 anos, deixamos um bom dinheiro a render no banco, portamo-nos bem na prisão, lavamos a roupa, fazemos a cama, vamos estudando por correspondência, tiramos um curso com uma classificação estrondosa, sim, porque tempo para estudar não falta, saímos uns anos antes de terminar a pena, e ainda temos a primavera da vida para viver em pleno. Mas enfim… Cá esperamos por esse senhor num futuro próximo, para ele saber que as que cá se fazem cá se pagam. Duas vezes!

O verdadeiro amigo

"I can't offer Kate Moss any advice on her habit."

Shaun Rider - Happy Mondays

segunda-feira, novembro 07, 2005

963331254



- Oh amor é este o número do casal?
- É amor.
- Tu vé lá. Eu não quero ouvir a voz do teu oftalmogista, por engano.
- E era mau... É casado com uma miuda de trinta aninhos. Olha a sorte que tu tinhas.
- Olha que não. Olha que não. O que tinha em firmeza faltava-lhe em experiência.
- Sim, sim. Isso são desculpas de mau pagador. Tu já não tinhas era andamento...
- Tens muito que te queixar... Para mim tu querias é que eu me engana-se...
- Sabes bem que não misturo doenças com prazer. Ainda se fosse o teu Gastroenterologista. Ao menos ainda se podia aproveitar a sua experiência.
- Engraçadinha. Ias longe ias. Com aqueles óculos de garrafão nem no buraco da fechadura acerta, quanto mais...
- Não me digas que estás com ciumes?
- Ciumes? De quem? De um velho que passa o dia a curar o recto dos outros? Estás a brincar comigo.
- Estás com ciumes, estás com ciumes, estás com ciumes.
- Pronto... Então tens a certeza que é mesmo este o número? Olha vou marcar para amanhã as nove.
- Marca, marca. Amor da minha vida.
- Pois, pois. Engana-me, anjinha.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Toca a tirar a traça à carteira

Já estive a ler o blogue Proximizade e queria fazer aqui um desafio a meia duzia de pessoas que visitem esta manhosa alfaiataria e estejam dispostas a se comprometer com uma pequena Grande causa. Apadrinhar uma criança. São precisos anualmente 130 euros durante cinco anos. Pensei em juntar 6 pessoas, comigo incluido, onde cada uma contribuia com 22 euros anualmente. Eu sei que a vida está dificil, mas que tal durante meia dúzia de dias pormos de lado o tabaco, o alcool, as drogas e a pornografia? Foda-se, se isto não vale um sacrifício não sei o que valerá.

Discussão de trabalho

Estava a meio de discussão de trabalho quando um companheiro tem a seguinte observação: "I believe the only way to speed the application up is to refactor it. And refactoring doesn't make any sense without throwing the generic Generator platform away. And that means writing the application almost from the scratch."
Eu concordo plenamente e até nem me importo de assinar por baixo, tenho no entanto uma dúvida que penso ser pertinente. Será que se pode fazer o mesmo com Portugal em particular e com o Futebol Clube do Porto em geral?

Iniciativa de louvar

Proximizade


Proximidade e mão amiga. "Proximizade", feita do entusiasmo voluntário de quem quer ajudar a combater a apatia, a dispersão e a insensibilidade que nos ameaça se continuarmos indiferentes ao que se sabe e ao que se vê.
Aqui, já está a acontecer.

Ps: Quero agradeçer à Maria Árvore por me ter deixado a papinha toda feita no mail.

Operação Fiasco

Eu estou por fora, e nem me quero meter. Não quero ser inconveniente e injusto. Afinal não ponho os pés em território luso há mais de 7 meses. Mas pareceu-me ler umas coisas de rusgas estrondosas a bancos e escritórios de advogados. Qualquer coisa relacionada com crimes económicos e tráfico de influências. E também me pareceu ler que os senhores que muito diligentes se apresentaram para a rusga tinham em falta algo importante. Pois tinham a gabardina de inspector, o bloco de notas, a arma no sovaco, o ar distante do Humphrey Bogart e o aspecto despenteado do Zé Gato. Mas não tinham um papel fulcral: o mandato. Pois é… burocracias. É isto que atrasa o país. E o homem nem teve culpa. Tinha deixado o mandato mesmo ao lado do maço de tabaco, já de propósito para não se esquecer. Deve ter voado. Também saiu do escritório à pressa e nem acabou do tomar o café da manhã e ler A Bola. E pronto, lá se atrasou a operação. Não faz mal… manda-se vir por fax. Mas os marotos dos senhores do escritório, cabeças de alho chocho, enviaram o documento integral com os nomes de todas as dependências bancárias a ser visitadas, com hora e tudo. Foi uma chatice, porque em 15 minutos já toda Lisboa sabia das rusgas, e onde e quando iam acontecer. Também foram chatos estes senhores do Banco. Não perceberam que era segredo. E daqueles segredos mesmo segredos, como os segredos de justiça. Não se faz. E depois o senhor Procurador Geral é que fica mal visto. Ele que planeou uma operação tão gira, mesmo como nos filmes!

MAS QUE RAIO DE MERDA É ESTA?

quinta-feira, novembro 03, 2005

É o que dá

Afasto-me das lides bloguisticas durante uns tempos e quando recomeço, além da ferrugem nas articulações dos dedos e do excesso de poeira no cérebro, penso que estou com um tema fresco entre as mãos (ver posta abaixo) para focalizar toda a raiva e frustação adormecida no meu ser. Não imaginam a minha tristeza ao constatar numa visita aos meus blogs de referência, que a posta abaixo já tem barbas.
Ainda pensei imitar o Michael Douglas. Pegar numa caçadeira e antecipar o S.João. Crianças valiam 10 pontos, jovens entre os 16 e os 30 (ainda sou jovem) 100 pontos, entre os 30 e 60 anos 50 pontos e acima desta idade 10 pontos. Quando chegasse aos 2000 pontos abandonava o exercicio e ia à Cunha tomar uma meia de leite e comer uma torrada. No entanto pus a ideia de parte porque para exercicio fisico já chega as futeboladas que faço ao fim de semana com amigos e além disso governo não me dava subsidio por cada velhote na reforma que eu matasse. E sem subsidio como é que ia pagar a meia de leite e a torrada no fim? Serviço público? Que o faça a RTP.
Terei me tornado a Manuela Moura Guedes com pila, e com lábios mais finos, dos blogues? Espero que não, espero que não.

Mamã, também quero!!!



Todos os dias quando vou para a cama, ajoelho-me e rezo a Deus para me arranjar um emprego assim. Não estou a falar no trabalho em si, que não é nada estimulante, mas na quantidade mensal de dinheiro que é paga para ele ser feito. Obviamente que a licenciada não tem culpa nenhuma, mas são exemplos destes que nos ajudam a compreender em parte porque nunca havemos sair da cepa torta. Onde é que um simples gestor de conteudos no sector privado ganharia esta massa toda?

Para a semana o regresso será na máxima força ;-). Se fosse gestor de conteudos num ministério não vos tinha abandonado estes dias todos, mas como não sou...